Ministério afirmou que decisão visa preservar interesses da nação O Ministério do Interior da Tunísia anunciou a suspensão do partido do ex-presidente Zine El-Abidine Ben Ali, que renunciou há três semanas após uma onda de manifestações contra seu governo. O anúncio, comunicado pela TV estatal tunisiana, ocorreu em meio aos mais sérios protestos desde que Ben Ali deixou o país. Pela medida, os encontros do partido, conhecido como RCD (sigla para Assembleia Democrática Constitucional, em francês), foram proibidos, e todos os escritórios da agremiação deverão ser fechados. O ministério afirmou que a decisão foi tomada para "preservar os mais altos interesses da nação" e porque o país vive situação de "urgência extrema". Horas antes do anúncio, a TV estatal reportou que ao menos uma pessoa havia morrido em confrontos entre manifestantes e forças de segurança na cidade de Kebili, no centro do país. Policiais também foram deslocados à cidade de Kej, no noroeste, onde no sábado quatro pessoas foram mortas após as forças de segurança abrirem fogo contra manifestantes. Mandado de prisão No fim de janeiro, o governo interino da Tunísia emitiu um mandado internacional de prisão para Ben Ali e para alguns integrantes da família do ex-presidente, incluindo sua mulher, Leila Trabelsi. Segundo o ministro da pasta, Lazhar Karoui Chebbi, eles são suspeitos de "aquisição ilegal" de imóveis e outros bens e "transferências ilícitas de dinheiro para o exterior". O ex-presidente fugiu para a Arábia Saudita com sua família em 14 de janeiro, pressionado pelos protestos contra seu governo. O mandado de prisão foi considerado uma tentativa de acalmar os manifestantes, que, após a saída de Ben Ali, passaram a protestar pela renúncia de todos os aliados do ex-presidente. A turbulência na Tunísia começou em 17 de dezembro, quando o desempregado Sidi Bouzeid, de 26 anos e com formação superior, foi abordado por policiais enquanto vendia verduras na rua. Após ter sua mercadoria apreendida, foi impedido de prestar queixa. O jovem ateou fogo ao próprio corpo e morreu dias depois no hospital. A morte de Bouzeid iniciou uma série de protestos que se espalharam rapidamente pelo país e a capital Túnis. Centenas de milhares de pessoas, entre estudantes, sindicatos e partidos de oposição, passaram a protestar contra o desemprego, corrupção e falta de democracia. Ao menos 78 pessoas morreram durante as manifestações, que se estenderam por um mês e inspiraram protestos em outros países árabes, como o Egito, o Iêmen e a Jordânia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.