O presidente Donald Trump ordenou que funcionários do governo federal que atuam em programas de diversidade, equidade e inclusão sejam afastados nesta quarta-feira, 22. Os escritórios dos programas também serão fechados, conforme afirma um memorando enviado nesta terça-feira pelo Escritório de Gestão de Pessoal do governo americano.
A diretriz vai causar a demissão ou a transferência dos funcionários e começou a circular após decretos executivos de Trump na segunda, que determinaram o fim dos programas. O presidente considerou a política de diversidade, equidade e inclusão como “radicais e perdulários”.
O memorando, assinado pelo diretor interino do Escritório de Gestão Pessoal, Charles Ezell, informa aos funcionários que trabalham nos programas de diversidade que eles serão colocados em licença administrativa remunerada com efeito imediato. Os chefes dos escritórios também foram instruídos a apresentar até a sexta-feira, 24, um plano para “executar uma ação de redução de força” (nome técnico do governo federal para demissões) de funcionários.

A instrução aos chefes acrescenta que eles devem perguntar aos funcionários se “eles sabem de quaisquer esforços para disfarçar esses programas com linguagem codificada ou imprecisa”. Sites relacionados aos programas de diversidade, contas de redes sociais e outras mídias relacionadas a essa política devem ser retiradas do ar, determina o memorando.
O Escritório de Gestão de Pessoal também apresentou aos chefes dos programas uma mensagem padronizada para ser enviada por e-mail aos funcionários. A mensagem diz que os programas tinham “dividido os americanos por raça, desperdiçado o dinheiro dos contribuintes e resultado em discriminação vergonhosa”. O memorando acrescenta que eles devem relatar em dez dias quaisquer tentativa de disfarçar contratos e funcionários do programa, com o risco de “consequências adversas”.
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Decretos executivos
Os decretos de Trump revogaram o que havia sido determinado pelo governo Biden, que instruíam as agências federais a promover diversidade interna e no acesso às políticas. O objetivo dessa política era “promover a equidade para todos, incluindo pessoas de cor e outras que foram historicamente mal atendidas, marginalizadas e adversamente afetadas pela pobreza e desigualdade persistentes”.
As ordens de Biden instruíram as agências federais a revisar seus programas e políticas em busca de barreiras estruturais ao acesso total e igualitário por pessoas de diferentes origens, entre outras estratégias, que Trump chamou de “discriminação ilegal e imoral”.
Esses programas foram foco dos conservadores nos últimos anos. Em junho, os parlamentares republicanos apresentaram um projeto de lei para encerrar o financiamento federal para agências, escolas e outras organizações que adotam as políticas de diversidade. O projeto não foi aprovado.

Em dezembro, Trump escolheu o advogado e ativista conservador Harmeet Dhillon para liderar o escritório de direitos civis do Departamento de Justiça e elogiou o histórico de Dhillon de “processar corporações que usam políticas ‘woke’ (termo utilizado de forma pejorativa pelos conservadores para designar políticas de diversidade) para discriminar seus trabalhadores”.
No setor privado, empresas como a Meta — dona do Facebook, WhatsApp e Instagram — McDonald’s e Walmart descartaram programas de diversidade nos últimos meses, após uma decisão da Suprema Corte de 2023 que acabou com a ação afirmativa no ingresso em faculdades.
O Departamento de Eficiência Governamental, criado por Trump e comandado pelo bilionário Elon Musk com o intuito de cortar gastos do governo federal, também deve priorizar o fim dessas políticas.
A nova pasta está analisando um relatório do Instituto de Direito e Liberdade de Wisconsin, uma organização sem fins lucrativos de direita, que identificou mais de US$ 120 bilhões gastos anualmente com “diversidade, equidade e inclusão”, de acordo com duas pessoas próximas ao departamento e uma cópia do relatório obtida pelo The Washington Post.
O valor em dólares se refere aos gastos com diversidade em programas federais em grande parte, não em funcionários federais.