As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) asseguraram, em seu 38º aniversário, que mantêm a vontade de dialogar, em um comunicado rebelde divulgado nesta terça-feira pela Internet. A afirmação foi feita no mesmo momento em que o presidente eleito, Alvaro Uribe, manifestou disposição de buscar mediação internacional para explorar a possibilidade de nova negociação. "As Farc, sem pausa nem esmorecimento continuarão hoje, como há 38 anos, sua invariável política de perseguir os diálogos em busca da paz e da justiça social, utilizando as únicas formas de luta que o regime oligárquico lhes impôs, até conquistar o poder político", disse o manifesto. A organização guerrilheira completou na segunda-feira quase quatro décadas de existência com 17 mil combatentes, milionários recursos provenientes do narcotráfico e dos seqüestros, sem estarem envolvidas em um processo de paz. Uribe, que prometeu usar pulso firme contra os rebeldes, afirmou que estaria disposto a negociar com a guerrilha através de uma mediação internacional. "Que as Nações Unidas exerçam essa mediação e procurem obter condições de diálogo com a guerrilha, com base na cessação das hostilidades e no abandono do terrorismo", disse Uribe na segunda-feira. Dias antes das eleições, os rebeldes haviam exigido a desmilitarização de 113 mil km2 e que o Estado desse um combate frontal aos paramilitares, como condições para voltarem a negociar. Em seu comunicado, as Farc asseguraram que buscam "construir uma sociedade sem exploradores nem explorados, onde provaleça a justiça social, se respeite mais a soberania e reine a harmonia nas relações com todos os países, fundamentada na livre autodeterminação dos povos". A principal guerrilha colombiana também evoca a memória de seus fundadores e seus combatentes caídos. "Vivam as Farc, viva o marxismo-leninismo e o pensamento bolivariano", sustentam os rebeldes. A Colômbia vive um conflito que provoca 3,5 mil mortes por ano. Entre janeiro de 1999 e fevereiro de 2002, o presidente Andrés Pastrana desenvolveu um infrutífero processo de paz que não permitiu comprometer os insurgentes em uma saída política para a guerra interna.