Nunca um xiita integrou a Al Qaeda. Inclusive, não há informações sequer de que algum seguidor desta corrente do islamismo tenha se convertido a sunita para ser membro da rede terrorista de Osama Bin Laden. Pode parecer um detalhe, mas temos que levar em consideração isso quando dizemos "mundo islâmico", como se fosse uma coisa uniforme.
No Bahrein, o principal tema de campanha nas eleições parlamentares deste fim de semana é a falta de representação xiita, maioria da população, no governo. Aliás, como curiosidade, a embaixadora de Bahrein nos EUA é judia. Isso mesmo, mulher e judia.
O Líbano também observa esta divisão. De um lado estão os sunitas, aliados com facções cristãs mais radicais. Do outro, os xiitas do Hezbollah e da secular Amal ao lado de cristãos populistas - mais uma vez, não dá para deixar de notar a ironia de o cristianismo libanês estar dividido.
O atual premiê do Iraque, Nouri al Maliki, tenta formar um governo sem sunitas. Quer dizer, sem árabes sunitas. Porque curdos sunitas fariam parte da coalizão controlada por xiitas.
Portanto o chamado "mundo islâmico" é bem mais complicado e diverso do que costumamos achar. Não apenas por aquele ponto que sempre digo, da libanesa de biquíni e da saudita de burqa. Mas também porque mesmo entre os radicais, como o regime de Teerã e a Al Qaeda, existem mais diferenças do que similaridades. Insisto, até hoje, nunca um xiita integrou a Al Qaeda.
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Será no Empório Alto dos Pinheiros, Rua Vupabussu 305, em Pinheiros, São Paulo. Normalmente o pessoal chega por volta de 14 hs (eu não estarei presente, mas nem faço falta. Vale pela turma, comandada pelo Fabio Nog)
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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios
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