De Beirute a Nova York

É possível o Congresso vencer Obama na "guerra" do acordo com o Irã?

O Senado dos EUA pode rejeitar inicialmente o acordo entre firmado entre os EUA e as outras grandes potências mundiais caso 60 senadores votem a favor. Nesta caso, o presidente americano já indicou que exercerá o poder de veto. Para derrubar o veto presidencial, serão necessários dois terços dos votos no Senado e na Câmara.

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Por gustavochacra

Atualmente, o Senado possui 54 senadores republicanos e 44 democratas, além de dois independentes que votam com os democratas. Para rejeitar o veto, portanto, os opositores ao acordo precisarão do voto de seis senadores democratas, além de todos os republicanos. É provável, nesta primeira etapa, que consigam.

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A rejeição seguirá para a Casa Branca, onde Obama deixou claro que vetará o voto contrário no Senado. Para derrubar seu veto, os opositores ao acordo precisarão do apoio de 13 senadores democratas. Embora não seja impossível, é improvável que isso aconteça, segundo sites especializados em política americana como o Washington Post, o New York Times o The Hill e o Politico.

Ainda que, em meio à enorme pressão de lobby de grupos opositores, o Senado derrube o veto, é necessário que dois terços da Câmara dos Deputados também vote pela derrubada do veto. Atualmente, há 246 deputados republicanos e 188 democratas, além de uma cadeira vaga.

Os opositores ao acordo precisarão, na Câmara, de 290 votos ao todo. Isto é, os 246 republicanos mais 44 democratas, que precisariam bater de frente com Obama e Hillary Clinton, presidente e favorita para ser candidata a presidente do partido. Assim como no Senado, algo improvável, embora não impossível a derrubada do veto.

Mesmo se o Senado e a Câmara derrubarem o veto, o que, insisto, é improvável, apenas os EUA estarão saindo do acordo com o Irã. O Conselho de Segurança da ONU já aprovou o acordo, assim como Rússia, China, França, Reino Unido, União Europeia e Alemanha. Será, portanto, impossível voltar ao status quo anti. Pior, os EUA ficarão com um presidente enfraquecido e o Irã poderá argumentar que os americanos, e não os iranianos, abdicaram da diplomacia.

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Franceses, britânicos, alemães, chineses e russos, além de brasileiros, turcos, indianos e japoneses, aproveitaram o vácuo para ganhar dinheiro fazendo comércio com o Irã.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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