Mas, nesta semana, dois episódios me fizeram questionar o futebol americano. Sempre soube da existência de ambos, mas meio que bloqueava internamente para não estragar meu prazer de ver os jogos. Primeiro, as concussões dos atletas que levam, em muitos casos, a problemas neurológicos graves no futuro, incluindo mortes. O segundo, o uso de doping pelos atletas.
No caso das concussões, assisti ao filme Concussion. É a história real de como o médico nigeriano radicado nos EUA Bennet Omalu descobriu que muitos ex-jogadores da NFL morriam ou desenvolviam problemas neurológicos em decorrência das concussões provocadas por choques no esporte. No do doping, assisti ao documentário da Al Jazeera America no qual são levantadas fortes suspeitas do uso de doping por muitos atletas da NFL, incluindo Peyton Manning, um dos maiores quarterbacks da história.
Admito que não vou deixar de assistir à NFL. Ontem mesmo, fiquei vendo a prorrogação do jogo entre o Broncos e o Bengals. Mas, cada vez mais, o futebol americano se torna, para mim, um esporte muito mais similar ao boxe ou UFC do que ao vôlei. E este é o problema. Entendo um atleta profissional receber milhões para arriscar a vida. Ao mesmo tempo, acho errado que estudantes de high school (ensino médio) e universidades se arrisquem em troca de praticamente nada (no máximo, uma bolsa de estudos no caso dos universitários). Só que, sem futebol americano na high school e no college, não tem como ter NFL.
Portanto, será que, no médio e longo prazo, a NFL estará condenada? Acho que não. Como dizem no filme Concussion, por séculos, o domingo era da Igreja. Hoje, o domingo é da NFL. E a segunda à noite, também. Todas as maiores audiências das TVs nos EUA são partidos de futebol americano. Mas, na minha visão, as regras para high school e college precisam mudar. No caso da high school, já algumas alterações, mas insuficientes.
Obs. Simpatizo com o Denver Broncos, mas ainda tenho muita proximidade afetiva com o Dallas por causa do meu irmão e dos meus pais. O problema é que os Cowboys tem muito do "Flamengo", do "Corinthians" do "Real Madrid". Em Nova York, cada vez mais, gosto do Jets, o "Palmeiras" da NFL.