O Paquistão informou, nesta sexta-feira, à Índia que testará mísseis de curto e médio alcance entre este sábado e a próxima terça-feira e assegurou que os exercícios são de rotina e sem nenhuma relação com a atual crise entre os dois países por causa da região da Caxemira, mas Nova Délhi criticou a série de testes que o país vizinho e rival pretende fazer. "O governo da Índia não está particularmente impressionado por essas palhaçadas com mísseis, claramente dirigidas à opinião pública no Paquistão", indicou Nova Délhi em uma nota. "O que esperamos e o que julgaremos é a ação específica que o governo paquistanês tome para conter as infiltrações e o terrorismo desde o outro lado da fronteira", acrescentou a nota. A Índia acusa o Paquistão de financiar e treinar os militantes islâmicos que lutam pela independência da Caxemira. A tensão entre as duas potências nucleares que já travaram três guerras aumentou no dia 14, após um ataque supostamente cometido por rebeldes islâmicos contra uma base militar, que deixou 34 mortos. Enquanto tropas paquistanesas e indianas trocavam disparos de artilharia, nesta sexta-feira, na Linha de Controle que divide a Caxemira entre os dois países, o secretário americano de Estado, Colin Powell, exortava Índia e Paquistão a retrocederem na escalada militar. "A situação é muito perigosa, mas espero que ambas as partes percebam que estão em um ponto muito crítico. E conseguiremos que retrocedam", disse Powell em Moscou, antes de ser informado sobre os testes com mísseis. Um porta-voz do Departamento de Estado, em Washington, afirmou posteriormente que os EUA "estão desapontados" com a decisão do Paquistão de promover os testes. O comissário de Assuntos Externos da União Européia, Chris Patten, o primeiro de uma série de enviados de alto escalão a visitar a região para tentar conter o conflito, disse, nesta sexta, que a situação era como o "fio de uma navalha". Segundo Patten, a Índia negou que tenha dado ao Paquistão dois meses para reprimir os militantes islâmicos e advertiu que está perdendo a paciência com seu vizinho. Para Patten, agora é a vez do Paquistão tomar alguma atitude, mas "deve haver diálogo e negociações". Contudo, um dia após ter suavizado sua retórica contra o Paquistão, o primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, começou nesta sexta a desfrutar no norte do país de três dias de folga, num sinal de que a guerra entre a Índia e o Paquistão não é iminente, apesar da presença de um milhão de soldados dos dois lados da fronteira da Caxemira.