Invasão ao Capitólio: serviço secreto dos EUA tentou garantir segurança para Trump ir à marcha

Testemunhas afirmam ao jornal Washington Post que ações foram feitas horas antes da invasão; ideia foi abandonada por falta de segurança

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Por Redação
Atualização:

Funcionários do serviço secreto americano agiram para tentar garantir uma rota segura para o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump participar da marcha que invadiu o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, um episódio considerado nefasto para a democracia dos EUA. Segundo fontes ouvidas pelo The Washington Post, informadas sobre os relatos de testemunhas aos investigadores do Congresso, os agentes do serviço secreto atuaram um pouco antes da invasão para que Trump estivesse em uma carreata com os apoiadores.

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Anteriormente, Trump havia declarado em entrevista ao Washington Post que o serviço secreto o impediu de ir aos protestos, apesar dele ter pressionado os agentes para estar presente. As informações desta terça-feira, 7, indicam que os funcionários do serviço secreto de fato rejeitaram os primeiros pedidos de Trump, feito ao longo de duas semanas anteriores ao dia 6 de janeiro, mas tentaram apressadamente garantir o esquema de segurança no dia.

Segundo os relatos, os esforços começaram quando os agentes ouviram Trump pedir a um público de quase 30 mil pessoas, reunidas em um comício, para marchar até o Capitólio e sugerir que se juntaria a eles. O objetivo da marcha era pressionar os republicanos “fracos” a recusarem os resultados das eleições presidenciais, que elegeram Joe Biden como novo presidente. “Nós vamos caminhar até o Capitólio”, disse Trump à multidão.

Imagem do dia 6 de janeiro de 2021 mostra invasão ao Capitólio, em Washington, capital dos Estados Unidos. Protestantes da extrema direita recusaram reconhecer vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais Foto: Manuel Balce Ceneta / AP

Após a declaração de Trump, o serviço secreto entrou em contato com a polícia de Washington e perguntou sobre a possibilidade de realizar bloqueio de cruzamentos. A polícia afirmou que estava sobrecarregada com o monitoramento de vários protestos que aconteciam na capital americana e com uma multidão crescente no Capitólio e recusou os bloqueios. O chefe da equipe de segurança do presidente interveio para cancelar o esforço dos funcionários e disse a membros da Casa Branca que levar o presidente para o Capitólio seria muito arriscado.

Uma funcionária da polícia de Washington confirmou o contato do serviço secreto que pedia apoio para uma carreata presidencial no dia 6 de janeiro. “Nos perguntaram e a resposta foi não”, disse Dora Taylor-Lowe, porta-voz do vice-prefeito da capital, que supervisiona o departamento de polícia.

Segundo um porta-voz do serviço secreto, os agentes encarregados da segurança de Trump nunca formalizaram um plano para levá-lo da Casa Branca ao Capitólio. “No dia 6 de janeiro, o serviço secreto não garantiu nenhuma rota de carreata para Trump ir ao Capitólio após o comício [na Casa Branca]”, declarou Anthony Guglielmi.

Guglielmi acrescentou ainda que os funcionários informaram ao governo que um plano seguro não seria viável.

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O porta-voz também disse que a agência de serviço secreto coopera totalmente com o pedido dos investigadores do Congresso por informações e documentos sobre o planejamento para a segurança de Trump naquele dia. Ele afirmou que a agência realizou uma extensa pesquisa nos registros internos que atestam que não havia planos operacionais.

Um porta-voz de Trump não respondeu os questionamentos do Washington Post, feitos nesta segunda e terça-feira.

Os novos detalhes também refletem uma das linhas de investigação do Congresso, que tenta descobrir se o Donald Trump tentou utilizar o serviço secreto para impedir a transferência de poder pacífica.

Invasão ao Capitólio foi feita por apoiadores de Trump, após o então presidente alegar fraude nas eleições. Cinco pessoas morreram e mais de 100 policiais ficaram feridos em decorrência dos atos Foto: Olivier Douliery / AFP

De acordo com as testemunhas, Trump estava ansioso para se juntar aos apoiadores em uma marcha ao Capitólio dias antes do 6 de janeiro. Os protestos não tinham autorização oficial para acontecer, mas os aliados do ex-presidente realizavam a divulgação deles em redes sociais ligadas a extrema direita, como forma de pressionar o Congresso a não certificar a vitória eleitoral de Biden.

A primeira declaração pública de Trump sobre a realização de protestos contra o resultado das eleições foi feita no dia 19 de dezembro no Twitter. Ele encorajou os seguidores a se reunirem na capital americana para protestar contra o que chamou de eleição fraudada. “Esteja lá. Será feroz!”, escreveu.

Dias depois, de acordo com relatos de testemunhas ao comitê, Trump pressionou os assessores para ajudá-lo a estar em um protesto diretamente do lado de fora do Capitólio. Na véspera do Ano Novo, Tony Ornato, um funcionário do serviço secreto que atuava temporariamente como vice-chefe de gabinete da Casa Branca, foi informado sobre o desejo do presidente de participar dos protestos do dia 6 em uma carreata.

Segundo os relatos, Ornato recomendou por volta do dia 4 de janeiro que os assessores procurassem o serviço secreto, que externaram preocupação quando souberam da ideia. Eles temiam a falta de segurança do Capitólio com base em uma experiência que tiveram em um comício no centro de Washington poucos meses antes.

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A invasão no Capitólio resultou em cinco pessoas mortas e mais de 100 policiais feridos e significou uma mancha na história política dos EUA. Desde a Guerra Civil, o país jamais havia fracassado em realizar uma transferência de poder pacífica, e nenhum candidato jamais havia contestado resultados de uma eleição diante de tanta evidência de que a votação fora livre e justa.

A investigação da invasão no Capitólio é feita por uma comissão do Congresso, criada há 11 meses e que ouviu centenas de testemunhas e se debruçou sobre vídeos e milhares de documentos. A partir da quinta-feira, os congressistas realizarão uma audiência pública para começar a expor as conclusões. Os depoimentos mencionados pelo Washington Post devem ser expostos. /WASHINGTON POST

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