Investigação nos EUA resgata e devolve objetos de arte do século 4 a.C. roubados da Itália

Promotoria de Nova York apresentou peças recuperadas em coleções de arte privadas avaliadas em R$ 76 milhões

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Por Ellen Francis
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Uma investigação envolvendo agentes dos Estados Unidos e da Itália devolveu ao país europeu dezenas de obras de arte e artefatos históricos saqueados ao longo da História de seu território - alguns deles datados do século 4 a.C. - que estavam em posse de colecionadores americanos.

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De acordo com o gabinete do procurador distrital de Manhattan, 142 antiguidades foram recuperadas na investigação criminal realizada em solo americano. Dos artefatos devolvidos à Itália durante uma cerimônia em Nova York na quarta-feira, o gabinete afirmou que 48 peças vieram da coleção privada do bilionário de fundos de hedge Michael Steinhardt, enquanto outras 60 peças recuperados vieram da Nova York Royal-Athena Galleries.

Apenas uma das peças, um afresco que mostra um Hércules infantil estrangulando uma cobra, está avaliado em US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões) e faz parte da coleção de itens recuperados - que somados chegam ao valor de US$ 14 milhões (R$ 76 milhões).

Antiguidades saqueadas e ilegalmente traficadas foram recuperadas pelas autoridades americanas em Nova York. Foto: Seth Wenig/ AP

Entre as obras está um afresco datado de 50 d.C., vindo de uma antiga cidade que foi enterrada sob cinzas vulcânicas quando o Monte Vesúvio entrou em erupção. A pintura, saqueada em 1995 de uma vila no sítio arqueológico de Herculano, teria sido comprada na época por Steinhardt, por US$ 650 mil (R$ 3,5 milhões na cotação atual), segundo o Ministério Público de Manhattan.

Entre as peças também há um frasco de armazenamento de 700 a.C. e três afrescos datados do século 4, representando mulheres de luto. Os afrescos vieram de uma antiga cidade grega no sul da Itália, de onde foram arrancadas das paredes de uma tumba, segundo as autoridades de Nova York.

Depois que investigadores italianos e americanos rastrearam os artefatos traficados até a coleção de Steinhardt, o bilionário abriu mão de 180 itens, incluindo as seções de afrescos, no fim do ano passado e concordou com uma proibição vitalícia de comprar antiguidades.

“Esses artefatos merecem um lugar em sua terra natal, onde o povo da Itália possa apreciar em conjunto as maravilhas do passado de seu país”, disse o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg.

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Os itens encontrarão um novo lar no Museu de Arte Resgatada de Roma, inaugurado no mês passado na capital italiana para exibir artefatos recuperados antes de retornarem às regiões onde foram saqueados ou perdidos.

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