O vice-diretor da Agência de Energia Atômica do Irã, Mohammad Saeedi, propôs nesta terça-feira que a França conduza as atividades de enriquecimento de urânio em solo iraniano, numa aparente tentativa de satisfazer as exigências internacionais para que o programa nuclear do país seja supervisionado por agentes externos. "Para conseguirmos chegar a uma solução, tivemos uma idéia. Propomos à França que encabece um consórcio para a produção de urânio enriquecido no Irã", disse Saeedi em entrevista à Rádio France-Info. "Dessa forma, a França, por intermédio das companhias Eurodif e Areva, poderia controlar de forma tangível nossas atividades de enriquecimento", prosseguiu Saeedi sem entrar em detalhes. A Eurodif é uma subsidiária da Areva, a companhia atômica nuclear da França, e foi fundada com apoio parcial do Irã na década de 1970. Autoridades francesas tentaram se distanciar da idéia. Jean-Baptiste Mattei, porta-voz da chancelaria francesa, disse que seu país foi surpreendido com a proposta e disse que qualquer nova idéia deve esperar até que negociações formais estejam em andamento. A questão As principais potências nucleares do mundo vivem um impasse com o Irã, que se recusa a suspender suas atividades de enriquecimento de urânio. Em agosto, o Irã ignorou um ultimato do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para que suspendesse tais atividades. O enriquecimento de urânio é um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas. Os EUA acusam o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega e assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica.
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