Um movimento liderado por jovens de classe média e moderada catapultou ironicamente um grupo considerado radical para o centro do debate político no Egito. No Cairo, as manifestações obrigaram o governo a reconhecer a necessidade de a Irmandade Muçulmana participar do diálogo para a transição de poder no país. O grupo passou a ser até mesmo cortejado por partidos políticos em busca de legitimidade para concorrer às próximas eleições.Nesta semana, a irmandade foi surpreendida pela oferta do governo de abrir diálogo com o grupo. A estimativa é de que pelo menos 20% dos votos nas eleições ao Parlamento irão para candidatos ligados ao movimento. No entanto, para a surpresa de muitos, o grupo adotou nesta semana uma posição cautelosa."Não temos o interesse em concorrer para ocupar a presidência do Egito", afirmou o guia espiritual do grupo, Mohammed Badie, em entrevista à rede te TV Al-Jazira."Por enquanto, nosso único objetivo é o de tirar um regime corrupto e injusto do poder."Criados em 1920, a entidade foi banida em 1954 diante de seu projeto de transformar o Egito em um Estado islâmico.