O Exército de Israel bombardeou e conduziu “ataques extensivos” contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e prometeu “aumentar a força militar” depois que as negociações para manter o frágil cessar-fogo no enclave palestino foram interrompidas.
“Esta noite, voltamos a lutar em Gaza devido à recusa do Hamas em libertar os reféns”, disse o ministro da Defesa Israel Katz. “Não pararemos de lutar até que todos os reféns voltem para casa e todos os objetivos da guerra sejam alcançados”, acrescentou em declaração emitida logo após os ataques.
Katz disse ainda que “as portas do inferno se abrirão em Gaza” e que o Hamas será atingido com uma força “nunca vista antes” se não libertar todos os 59 reféns restantes.

Os militares israelenses disseram ter “realizado ataques extensos contra alvos terroristas pertencentes à organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza”.
Izzat al-Risheq, membro do gabinete político do Hamas, afirmou que a decisão do primeiro-ministro israelense de lançar ataques generalizados na Faixa de Gaza equivale a uma “sentença de morte” para os reféns restantes mantidos lá.
Os bombardeios atingiram a Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira, pelo horário local. O Ministério da Saúde do enclave palestino, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas, afirma que mais de 400 pessoas morreram.
Horas após o início dos ataques, o Hamas anunciou a morte de quatro integrantes do alto escalão durante os bombardeios.

Negociações
Na sexta-feira, o gabinete do primeiro-ministro de Israel disse que instruiu o Exército a atacar o Hamas em toda a Faixa de Gaza. O governo israelense culpa o grupo terrorista por se recusar a libertar os reféns e rejeitar as ofertas do enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff.
O acordo para o cessar-fogo e liberação de reféns entrou em vigor em 19 de janeiro, após 15 meses da guerra desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Desde o início do cessar-fogo, as forças israelenses mataram dezenas de palestinos que, segundo os militares, se aproximaram de suas tropas ou entraram em áreas não autorizadas. Ainda assim, o frágil acordo foi mantido.
A primeira fase, que estabelecia o cessar-fogo e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, chegou ao fim no começo do mês. Desde então, Israel e Hamas discordam sobre as próximas etapas do acordo enquanto Egito, Catar e Estados Unidos têm tentado mediar o impasse.
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Israel quer que o Hamas liberte metade dos reféns restantes em troca da promessa de negociar uma trégua duradoura. Em vez disso, o Hamas insistiu em manter a versão inicial do acordo, que deveria entrar na segunda fase. Nessa etapa, o grupo terrorista concluiria a liberação dos reféns enquanto as tropas israelenses se retirariam da Faixa de Gaza. Acredita-se que o Hamas tenha 24 reféns vivos e os corpos de outros 35.
Na semana passada, o enviado especial americano Steve Witkoff sugeriu uma “ponte” para estender o cessar-fogo até abril em troca pela liberação de cinco reféns, incluindo o cidadão americano israelense Edan Alexander. O Hamas insistiu no domingo que só libertaria o americano se o acordo atual fosse mantido, com início das negociações para a segunda fase do cessar-fogo e a entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

EUA foi consultado antes de bombardeios
Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, afirmou que Israel consultou a Casa Branca antes de lançar os ataques. Os Estados Unidos conduziram recentemente uma onda de ataques contra posições dos Houthis no Iêmen, que, como o Hamas, é apoiado pelo Irã. Esse grupo disparou mísseis e drones contra Israel por mais de um ano como parte da guerra.
“Como o presidente Trump deixou claro, o Hamas, os Houthis, todos aqueles que buscam aterrorizar não apenas Israel, mas também os Estados Unidos da América, pagarão o preço por suas ações”, disse Leavitt em uma entrevista a Fox News na noite de segunda-feira.
O grupo terrorista Hamas ainda não respondeu militarmente aos ataques, deixando israelenses e palestinos esperando para ver se o grupo escolhe escalar ou ir para a mesa de negociações.
Por conta dos bombardeios israelenses, a passagem de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, foi fechada, segundo informações de um oficial israelense que conversou com o jornal The New York Times. A fronteira foi a principal porta de saída para moradores do enclave que estão doentes e feridos.

Protestos
O Fórum das Famílias dos Reféns israelenses lamentou o retorno dos ataques e convocou um protesto do lado de forma do Parlamento israelense, em Jerusalém. “A cada dia que passa, o perigo para os reféns cresce. A pressão militar pode colocar ainda mais em risco suas vidas,”
Um oficial israelense afirmou a Associated Press (AP) que o primeiro-ministro Netanyahu se reunirá com oficiais de segurança na próxima meia hora para discutir os próximos passos na guerra./com AP, NYT e AFP
*Notícia em atualização