Os ataques aéreos israelenses desta quinta-feira sobre o complexo de escritórios de Yasser Arafat causaram um incêndio na casa de Kathy Canavati, cuja cama ficou calcinada e reduzida aos restos retorcidos de sua base metálica. A família havia partido antes que os mísseis atingissem a casa vizinha, e escapou ilesa. Mas Charlie Canavati, um menino de oito anos, disse que agora tem medo de brincar fora de casa. "Não sei quando os aviões nos atacarão de novo", explicou. Israel assegura que não está visando os civis palestinos em seus ataques, mas sua ofensiva militar, muito intensa esta semana, danificou moradias, escolas e casas de comércio, alterando a vida de muitas pessoas. Por sua vez, os civis israelenses têm sido constantemente atacados pelos extremistas palestinos em atentados com armas de fogo, explosivos e até mesmo com mísseis. A explosão da madrugada desta quinta-feira (hora local) destruiu os escritórios gerais da Autoridade Palestina em Belém, mas também destruiu janelas e derrubou portas de dezenas de casas. As luzes iluminaram a cidade enquanto os residentes despertavam sobressaltados com a explosão que foi ouvida em Jerusalém, nas proximidades. O edifício atacado, que já serviu um dia de quartel-general dos militares israelenses e também de prisão, abrigava os escritórios dos sesrviços de inteligência, a polícia e a guarda de Arafat. O ataque derrubou o telhado, deixando apenas escombros entre as paredes. As janelas da sala de Arafat, no bloco de trás, estavam fechadas. Um bloco de cimento caiu sobre o teto de seu Mercedes à prova de balas. Foi o quarto ataque desde domingo ao complexo em Belém. Ao amanhecer, um grupo de pessoas içou uma bandeira palestina sobre uma construção destruída. Um homem buscava vários documentos que estavam espalhados por ali e os queimou. Do outro lado da rua, Mauti Ali Mauti, de 45 anos, permanecia de pé diante dos restos de seu restaurante, o "Mr. Baker Restaurant", que serve frango frito ao estilo americano. "No primeiro ataque, a vitrine foi destruída; o segundo provocou alguns danos. Mas hoje, acabou-se o restaurante", disse ele. Os ataques militares na Faixa de Gaza, em sua maioria tendo como alvo instalações da Autoridade Palestina, também danificaram casas, escolas e negócios. Um ataque israelense com mísseis no mês passado ao campo de refugiados de Jebalyia, em Gaza, atingiu três fábricas em seu percurso para o alvo - uma fábrica de tintas e metais que, segundo o Exército israelense, estava produzindo morteiros. Uma das indústrias era têxtil, outra de móveis e a outra fazia o acabamento de calças jeans Levi´s. Um ataque com um avião F-16 a um complexo da polícia palestina na Cidade de Gaza na terça-feira à noite espalhou estilhaços de bombas numa escola para cegos e rompeu as janelas do edifício. Um playground ficou inutilizado com os estilhaços de metal e borracha. Metade das classes da escola onde estudam 350 crianças e adolescentes cegos foram danificadas. A escola foi fechada na hora do ataque. As Nações Unidas disseram que oito escolas e as instalações da ONU na Cidade de Gaza, sobre as quais tremulava uma bandeira da organização, foram atingidas pelos ataques aéreos: janelas quebradas, paredes e portas derrubadas ? um ataque que Peter Hansen, chefe de uma das agências da ONU, qualificou de "inaceitável". Os militares israelenses disseram que seu objetivo era atingir apenas os envolvidos em ataques a civis israelenses e que estão fazendo o máximo esforço para evitar danos aos civis. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, disse que a guerra foi imposta a Israel pelos palestinos. Funcionários de saúde palestinos estimam que cerca de 85% dos palestinos mortos ou feridos nos últimos 17 meses de conflitos eram civis - qualificados pelos militares israelenses como combatentes em sua maioria. Voltando a Belém, as pessoas tentam preservar suas vidas. Um concerto de música de câmara - adiado várias vezes devido à intifada - estava marcado para esta quinta-feira. Assim como a vida, prosseguem os funerais. Uma procissão fúnebre de um garoto de 15 anos passou diante do complexo governamental destruído em Belém. Saed Sibeh morreu devido aos ferimentos em sua cabeça causados por um projétil durante um tiroteio numa vila das imediações na semana passada.
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