ROMA — Oficiais da polícia italiana prenderam na terça-feira, 11, 181 pessoas apontadas como afiliadas à Cosa Nostra, como a máfia siciliana é conhecida, representando o que os oficiais disseram ser um “golpe importante” a uma organização criminosa que tem dominado a região por gerações.
“A Cosa Nostra está longe de estar morta, mesmo após anos sendo alvo de promotores e operações policiais”, disse Domenico La Padula, um tenente-coronel dos Carabinieri (destacamento que responde diretamene ao Ministério da Defesa italiano) que supervisionou a operação.

A investigação, segundo ele, mostrou que o grupo havia se reorganizado e “encontrado nova energia e nova força,” recrutando novos membros e deixando de lado diferenças para focar em lucrar com novos empreendimentos criminosos, como o jogo de azar online.
A organização conseguiu sobreviver porque permaneceu “fortemente atrelada às regras de seus fundadores e aos seus antigos rituais,” mesmo se modernizando, disse a polícia dos Carabinieri em um comunicado. Eles usam, por exemplo, smartphones criptografados que “limitavam a necessidade de reuniões e encontros tradicionais ao mínimo indispensável.”
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Mais de mil policiais em ação
As prisões de terça-feira foram realizadas em Palermo, a capital siciliana, e cidades vizinhas, envolvendo cerca de 1.200 oficiais dos Carabinieri.
Vídeos divulgados pela polícia mostraram centenas de oficiais esperando ordens para entrar nas casas enquanto helicópteros patrulhavam o céu durante as operações noturnas. As prisões, que ocorreram após dois anos de investigações, abrangiam uma série de acusações, incluindo afiliação à máfia, tráfico de drogas, extorsão e tentativa de homicídio.
Mesmo com a polícia e promotores restringindo as atividades da Cosa Nostra por anos, as autoridades de Carabinieri informaram em um comunicado que o grupo não perdeu seu domínio e ainda estava “bem ancorado em seu território sobre o qual exerce controle constante, afetando significativamente o tecido econômico por meio de extorsão e imposição de produtos”. O grupo “usava a força, quando julgava adequado,” e tinha um amplo arsenal de armas.
Corleone
Por décadas, a Cosa Nostra foi dominada pela chamada família criminosa Corleonesi — associada à cidade de Corleone, um nome primeiramente famoso pelo livro de Mario Puzo, “O Poderoso Chefão” — cujos afiliados incluíam Matteo Messina Denaro, um dos principais chefões que morreu em 2023. Mas, segundo investigadores, Palermo recuperou a primazia dentro da organização, e seus “clãs se tornaram centrais para as dinâmicas da Cosa Nostra,” disse La Padula.
A investigação também encontrou que diferentes clãs em Palermo optaram, por ora, deixar de lado diferenças para alcançar um objetivo comum: fazer dinheiro. A Cosa Nostra também encontrou sinergia com a ´Ndrangheta, o grupo de crime organizado dominante na Calábria, no sul da Itália, quando se tratava de tráfico de drogas.
O tráfico de drogas também permitiu que clãs da Cosa Nostra tivessem contatos diretos dentro da Sicília, “uma forma de controle, e assim, um sinal de força e poder,” disse La Padula. O jogo de azar online, que substituiu as rifas e loterias outrora controladas pela máfia, foi outro empreendimento lucrativo que demonstrou a transição do tradicional para o moderno, ele acrescentou.

Informantes próximos a promotores e advogados
As investigações que levaram às prisões de terça-feira envolveram muitos jovens, um sinal de que “a Cosa Nostra continua a exercer seu apelo em certos ambientes como os subúrbios onde jovens têm alternativas de vida limitadas e se identificam com representações de poder que a máfia ainda desfruta”, disse o promotor-chefe de Palermo, Maurizio De Lucia, a repórteres em uma entrevista a jornalistas na terça.
“Temos que ter um cuidado especial” com os novos recrutas, porque “esse é o futuro da máfia”, disse De Lucia, segundo a agência de notícias ANSA.
A investigação também mostrou que a Cosa Nostra ainda usava truques antigos — como informantes dentro do escritório do promotor e advogados — para ficar à frente dos investigadores, disseram oficiais.
Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.
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