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Italianos vão às urnas neste domingo; Giorgia Meloni é favorita para ser premiê

Giorgia Meloni, líder da direita radical e do partido Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), tem posições polêmicas, mas diz não ser uma extremista

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Por Redação

ROMA - Mais de 50 milhões de italianos devem ir às urnas neste domingo, 25, para eleger o novo Parlamento do país, em meio a temores sobre a ascensão da direita radical ao poder pela primeira vez desde a 2ª Guerra, e às posições da favorita a ocupar o cargo, Giorgia Meloni.

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A eleição começou às 7 horas (02h, horario de Brasília) e segue até 23h (19h, horario de Brasília), quando os centros de votação serão fechados e a contagem dos votos começará. Não há previsão de resultados, e a formação oficial da coalizão pode levar alguns dias. A coligação de Meloni coligação diz que o partido mais votado fará a indicação do premiê, a ser aprovado pelo presidente Sergio Mattarella.

O bloco da direita, liderado pelo partido radical Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), é favorito para conseguir o maior número de cadeiras no Parlamento. Sua líder, Giorgia Meloni, é a favorita para ser a primeira mulher premiê da Itália. Ela tem grandes chances de formar uma coalizão de governo depois de ter se aliado ao populista de direita Matteo Salvini, da Liga, e ao ex-premiê Silvio Berlusconi, do Força Itália.

A união da direita e a fragmentação da esquerda é apontada por analistas como o fator principal para o favoritismo de Meloni.

Giorgia Meloni, favorita para ser a primeira mulher premiê da Itália, faz último discurso antes da eleição, em Roma  Foto: Andreas Solaro / AFP

Giorgia Meloni, Mussolini e o ‘pós-fascismo’

A ascensão de Meloni, oriunda de um partido ligado ao pós-fascismo, com raízes ligadas preocupa a União Europeia, em razão de suas posições contrárias a direitos da comunidade LGBT, minorias religiosas e imigrantes, bem como a proximidade de seus aliados com o líder russo, Vladimir Putin.

Giorgial Meloni é líder do Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), partido criado após décadas de reabilitação da imagem e moderação de uma ala política iniciada por partidários do ditador fascista Benito Mussolini logo após a 2ª Guerra, o MSI (Movimento Social Italiano). O Fratelli d’Italia exibe em sua bandeira um nó verde, vermelho e branco, um símbolo criado em 1946 pelo grupo de veteranos fascistas que fundou o MSI.

Em agosto, Meloni esclareceu sua controvertida relação com o fascismo. “A direita italiana relegou o fascismo à um capítulo antigo da história, condenando sem ambiguidades a privação da democracia e as infames leis que perseguiam judeus”, disse Meloni em um vídeo divulgado em diferentes idiomas aos meios de comunicação estrangeiros.

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Para analistas, Meloni pode ser considerada uma conservadora radical, mas não fascista. “Giorgia Meloni não quer abandonar o símbolo da direita, porque é a identidade da qual ela não pode escapar; é sua juventude”, disse à BBC Gianluca Passarelli, professor de ciência política da Universidade Sapienza de Roma. “O partido dela não é fascista”, explica. “Fascismo significa tomar o poder e destruir o sistema. Ela não vai fazer isso e não poderia. Mas há alas no partido ligadas ao movimento neofascista. Ela sempre jogou de alguma forma no meio.”

Itália realiza eleições gerais antecipadas neste domingo, 25, após a renúncia de seu primeiro-ministro em julho. Os resultados finais devem ser anunciados em 26 de setembro Foto: Alessandro Di Marco/EFE/EPA

Eleições na Itália com novo sistema

Previsto inicialmente para 2023, o pleito foi antecipado após a renúncia do então primeiro-ministro Mario Draghi, em julho deste ano. Essa é também a primeira eleição a ser realizada desde a reforma aprovada em referendo, em que foram adotadas mudanças constitucionais para reduzir o tamanho das duas câmaras parlamentares.

Esta será a primeira eleição após a redução do número de parlamentares, o que altera a essência da lei eleitoral de 2017. Serão eleitos 400 deputados e 200 senadores (antes eram 630 e 315, respectivamente). No sistema italiano, misto, majoritário e proporcional, um terço das cadeiras é ocupado pelos mais votados, e o restante, por distribuição proporcional. As regras são complexas e teme-se que provoquem uma tendência de formação de maioria simples, com sub-representação dos demais partidos.

Se a votação confirmar os resultados das últimas pesquisas publicadas, Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália, um partido que tem suas raízes formação que vem da tradição neofascista, pode se tornar a primeira mulher a chegar à chefia do governo na Itália. Meloni, de 45 anos, tem todas as pesquisas a seu favor. Segundo a última estimativa de 9 de setembro, ela lidera a corrida eleitoral com cerca de 47% das intenções de voto, contra 22% do principal concorrente, o progressista Enrico Letta, da coalizão de esquerda liderada pelo Partido Democrático (PD).

As pesquisas de opinião também mostraram que a campanha não conseguiu despertar o interesse dos italianos, já que, no último dia permitido pela lei italiana para divulgar estimativas, o percentual previsto de abstenção e indecisão nesta eleição estava em torno de 40%.

Estima-se ainda que cerca de 2,7 milhões de jovens terão a oportunidade de votar pela primeira vez. A idade mínima de votação para o Senado foi reduzida de 25 para 18 anos, alinhando-a com a da Câmara dos Deputados. As duas Casas do Parlamento têm poderes iguais. /AP, EFE e AFP

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