Japão dá meio passo rumo a pacto comercial liderado pelos EUA

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Por SUMIO ITO

O Japão disse no sábado que começará a conversar com outros países sobre um acordo de livre comércio norte-americano, mas não chegou a se comprometer a se juntar formalmente às negociações, mostrando sua preocupação em relação às consequências para os agricultores. Os líderes empresariais têm pressionado o primeiro-ministro Naoto Kan a se oferecer para participar das negociações sobre a TPP, Trans-Pacific Partnership, a Parceria Trans-Pacífico, alertando-o que os produtos japoneses poderiam perder competitividade se fossem deixados de fora do pacto de comércio Ásia-Pacífico. Mas muitos legisladores do partido do governo, o Partido Democrata, temem um impacto negativo sobre os protegidos e politicamente poderosos agricultores japoneses, e têm pressionado para que uma nova rodada de deliberações aconteça, antes de entrarem formalmente nas negociações. Inaugurando a sua política básica sobre o livre comércio no sábado, o governo disse que ia recolher informações e começar a consultar os países membros do TPP, mas não disse que ia se juntar oficialmente às negociações, se for convidado. Kan vai apresentar essa política aos outros líderes no fórum da APEC (Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico) em 13 e 14 de novembro, que o Japão vai sediar e o presidente dos EUA, Barack Obama, vai participar. "Vamos tentar, ao mesmo tempo, fazer a abertura do nosso país e revitalizar o setor da agricultura", disse Kan numa reunião com seus ministros, de acordo com a Kyodo news. "Esse é o começo da nossa grande estratégia para criar a nova prosperidade do Japão." EXPANSÃO DO GRUPO A TPP começou como um pacto comercial entre Cingapura, Nova Zelândia, Chile e Brunei, e já recebeu a adesão da Austrália, Peru, Vietnã, Malásia e EUA, nas negociações. Somar a economia de 5 trilhões de dólares do Japão, aumentaria consideravelmente os ganhos potenciais de abertura de mercado do pacto. Mas também poderia complicar as negociações, já que Tóquio não só teria que liberar a agricultura mas também teria que lidar com preocupações dos EUA sobre uma planejada reforma do sistema postal que poderá prejudicar concorrentes privados na área de seguros, sistema bancário e setores de entregas expressas. Numa declaração descrevendo a sua estratégia, o governo reconheceu que estava "ficando para trás" enquanto os outros países se apressavam para formar acordos comerciais, e reforçou a necessidade de formar novas alianças para incrementar o crescimento econômico. Ele disse que o Japão intensificará seus esforços para finalizar as negociações sobre Acordos de Parceria Econômica (EPA, na sigla em inglês) com a Austrália e com o Peru e que retomará as negociações suspensas com a Coréia do Sul sobre um EPA. Ele também trabalhará para fazer um acordo de livre mercado trilateral com a China e a Coréia do Sul, assim como outras alianças econômicas na Ásia, enquanto se prepara para iniciar conversas em breve, com a União Europeia. Os acordos anteriores do Japão sempre excluíram o fortemente protegido setor agrícola, que detém uma considerável influência política graças a um sistema eleitoral que dá mais peso aos votos rurais. O apoio aos agricultores é um ponto de atrito com a TPP, que, em princípio, eliminará todas as tarifas dentro da sua zona de atuação. O governo disse que vai criar uma força-tarefa, presidida pelo primeiro-ministro, para reformar e apoiar o setor agrícola, com uma estratégia básica que será montada no próximo ano.

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