BENGHAZI - Tropas leais ao coronel Muamar Kadafi empreendem contra-ataques e combatem os rebeldes que lutam pelo fim do regime em pelo menos três cidades da Líbia nesta segunda-feira, 28 (terça no país africano). O ditador usa as forças que restam para tentar impedir o ganho territorial de seus opositores com ataques aéreos e unidades militares especiais.
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As forças do governo se confrontam com os rebeldes em Misurata e Zawiyah, a oeste e a leste de Trípoli, capital líbia e zona forte de Kadafi. Ambas as cidades estavam sob controle dos manifestantes, que fecharam o cerco contra o ditador nos últimos dias. Durante a segunda-feira, as tropas do coronel retomaram Ras Lanuf, no leste do país. A cidade de Ajdabiya também sofreu bombardeios.
Em Zawiyah, cidade com importantes recursos para o setor petrolífero - o mais importante para a economia do país, as tropas leais ao ditador atacaram diversas vezes durante o dia. Os rebeldes mataram alguns dos soldados do governo e capturaram outros, segundo os opositores. Alguns entregaram as armas e se uniram aos manifestantes.
Em Benghazi, cidade que está completamente sob controle dos rebeldes e é o maior reduto da oposição, aviões repetiram bombardeios como os realizados nos últimos dias, mostrando que apesar dos militares desertores, Kadafi ainda tem como lutar contra os que pedem o fim do seu regime. O local, porém, é agora campo de treinamento dos jovens que planejam ir a Trípoli derrubar o ditador a força.
Os bombardeios e a brutal repressão de Kadafi têm gerado contra o ditador uma grande onda de críticas na comunidade internacional, que elevou pressão por sua saída nesta segunda. Os EUA e a União Europeia impuseram sanções econômicas sobre os ativos do coronel e seus parentes, e Washington estuda, em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU), a imposição de uma zona de exclusão aérea.
Kadafi foi à televisão ocidental pela primeira vez e falou que seu povo o ama, mas que o Ocidente o abandonou. O ditador recusa-se a dialogar com a oposição e ignora os pedidos pelo fim do massacre de sua população. Nesta segunda-feira, porém, foi dada a primeira demonstração internacional contra o líder líbio - o Pentágono reposicionou seu contingente militar ao redor da Líbia, mais perto de Trípoli.
Os americanos elevaram o tom contra o ditador nos últimos dias e, quando anunciaram que tinham um grande leque de opções para lidar com a crise na Líbia, não descartaram uma ação militar. O mesmo foi dito pelas autoridades do Reino Unido, embora nenhum indício mais forte de que haverá uma intervenção tenha sido dado.
Com New York Times
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