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Le Pen muda posição sobre euro e abre crise perto da eleição 

Candidata que sempre foi contra a moeda comum europeia agora defende a convivência dela com o antigo franco francês 

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Por Andrei Netto CORRESPONDENTE e PARIS

A quatro dias das eleições na França, o futuro do euro tornou-se a pedra no sapato da candidata nacionalista Marine Le Pen em sua disputa com o centrista Emmanuel Macron. Crítica de Bruxelas, Le Pen historicamente defendia o fim do euro e a retomada do franco, mas mudou de posição entre os dois turnos da eleição na expectativa de aumentar sua base eleitoral. Pelo menos dois terços dos franceses são contra o fim da divisa. 

A candidata de 48 anos, nacionalista e de extrema direita, prometeu criar40 mil novas vagas em prisões e suspender a progressão de penapara criminosos, além de fechar as fronteiras e limitar a entrada de imigrantes a um máximo de 10 mil por ano Foto: AP Photo/Thibault Camus

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O impasse na campanha de Le Pen começou no sábado, quando a candidata anunciou um acordo com o sexto colocado no primeiro turno, o soberanista Nicolas Dupont-Aignan. Em troca do acordo, uma cláusula foi alterada no programa do partido de Le Pen, a Frente Nacional (extrema direita): em lugar de extinguir o euro, o partido agora propõe a convivência entre o euro e o franco, e afirma não ter pressa para realizar a alteração monetária.

A estratégia pretende enfrentar um dos pontos que causam maior polêmica no programa da Frente Nacional. Uma pesquisa realizada em abril pelo instituto Ifop indicou que 72% dos franceses são a favor do euro, contra apenas 28% favoráveis ao retorno do franco. A mudança de tom surpreendeu o eleitorado francês, já que o discurso econômico da candidatura Le Pen e da Frente Nacional era ancorado na extinção da moeda única e na saída da União Europeia. 

As dúvidas em torno do projeto de governo da extrema direita sobre o euro levaram os assessores de Emmanuel Macron a partirem para o ataque. “Le Pen é a candidata das moedas. Nós não sabemos, a três dias do segundo turno, se vamos mudar de moeda ou se teremos uma, duas ou três”, ironizou Richard Ferrand, secretário-geral do movimento En Marche!. 

Foi a primeira crise da campanha de Le Pen no segundo turno. Para Jérôme Fourquet, diretor do Departamento de Opinião do instituto Ifop, Marine Le Pen tentou se valer do acordo com Nicolas Dupont-Aignan para justificar sua mudança de posição sobre a zona do euro, mas a estratégia se mostrou equivocada. “Este não é um pequeno ajuste, e sim uma desestabilização maior de todo o argumento da Frente Nacional”, afirmou. 

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