Os anúncios dessa primeira semana de governo de Donald Trump colocam a inteligência artificial (IA) no centro da estratégia de reconquista da prosperidade, reindustrialização e manutenção da dominância econômica, tecnológica e militar dos Estados Unidos perante a China e o restante do mundo.
Trump apresentou na quarta-feira, na Casa Branca, um plano de investimentos de US$ 500 bilhões ao longo de quatro anos, de criação de data centers em vários Estados, para escalar o poder de computação da Open AI, em parceria com o japonês Soft Bank, o fundo MGX, de Abu Dhabi, a Oracle e a Microsoft.
Articulada há meses, a joint venture terá investimentos privados, captados no mercado pelo Soft Bank. O apoio do governo americano consiste nas garantias de facilitação regulatória e tributária e de oferta de energia.

Outras iniciativas desse tipo devem surgir. Elon Musk, o principal conselheiro de Trump, criou em 2023 a xAI, que recebeu investimentos de US$ 6 bilhões da Arábia Saudita e do Catar, entre outros. Google, Amazon, Meta, IBM,
Nvidia, Adobe e tantas outras também desenvolvem plataformas ou hardwares de IA, somando centenas de bilhões de dólares de investimentos. A estratégia de Trump inclui a adoção de impostos e tarifas contra empresas de países que sobretaxarem as big techs americanas que pagam menos de 15% de tributos, no âmbito da iniciativa da OCDE implementada na cúpula do G20, com apoio do governo brasileiro. E o fim do banimento da exploração de óleo e gás offshore, para atender à alta demanda de energia da IA.
Os EUA estão na frente, mas a China avança a uma velocidade impressionante. A chinesa QWQ, pertencente ao grupo Alibaba, lançou em novembro um novo Grande Modelo de Linguagem (LLM), componente central da AI, responsável pelo processamento da linguagem humana.
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Especialistas estimaram que ele estava menos de três meses atrás dos modelos americanos mais avançados. Embora não sejam tão bons quanto os americanos, os modelos chineses são mais baratos,. A empresa chinesa DeepSeek escolheu a segunda-feira, dia da posse de Trump, para lançar seu último modelo de LLM, considerado o sétimo melhor do mundo.
O país que estiver na vanguarda da IA terá potencialmente a dominância da competitividade industrial, desenvolvimento de fármacos, agricultura, educação, telecomunicações e armamentos, para citar alguns exemplos.
Essa revolução tecnológica permitiria aos EUA reverter desvantagens competitivas perante a China, geradas pela diferença dos custos da mão-de-obra, que perderiam relevância.
O resultado dessa disputa moldará o mundo nas próximas décadas.