Conforme mostrei na minha coluna de domingo no Estadão, Trump precisa conquistar margens significativas nas primárias de Nova York, no dia 19, e de outros seis Estados do nordeste, no dia 26, para afastar o risco de ser derrotado na convenção de julho. Trump já obteve até aqui 743 delegados, seguido por Cruz, com 520 delegados; Kasich vem em terceiro, com apenas 143. São necessários 1.237 votos para se sagrar candidato sem uma disputa aberta na convenção, na qual parte dos delegados poderá votar em quem quiser. Como Cruz tem mais apoio da direção do partido e de muitos delegados, Trump corre o risco de ser o mais votado no voto popular e não levar a nomeação.
A ex-secretária de Estado Hillary Clinton também leva vantagem em Nova York, Estado pelo qual foi senadora. Segundo a sondagem, ela derrotaria Bernie Sanders, senador por Vermont, por 55% a 41%. A pesquisa mostra o alto índice de rejeição a Hillary. Dos eleitores de Sanders, 30% dizem que não apoiariam a ex-senadora; apenas 15% dos eleitores dela não votariam em Sanders. Hillary e o seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, são acusados de manipular a máquina do Partido Democrata a seu favor, e por isso vistos com desconfiança por parte dos militantes, sobretudo os mais à esquerda, simpaticos a Sanders.
A situação de Hillary, no entanto, é bem mais confortável que a de Trump. Ela já conquistou nas primárias democratas 1.289 delegados, contra 1.038 para Sanders. Além disso, Hillary conta com apoio de 469 "super-delegados", como são chamados os dirigentes partidários que votam na convenção independentemente dos resultados das primárias, enquanto Sanders tem apenas 31. São necessários 2.383 delegados para ser nomeado candidato democrata, e falta definir o voto de 1.938. Só um desastre tira essa nomeação da ex-primeira-dama, apesar de revezes em primárias recentes.
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