PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira, 18, que a Europa e os EUA deveriam doar até 5% de seus atuais suprimentos de vacinas para os países em desenvolvimento, onde as campanhas de vacinação contra a covid-19 estão apenas começando. “Deveríamos transferir de 3% a 5% das vacinas que temos em estoque para países da África”, disse Macron. “Isso não teria nenhum impacto no ritmo da vacinação nos países ricos.”
As declarações foram feitas pelo presidente francês em entrevista ao jornal britânico Financial Times. Macron disse que os países africanos compraram algumas vacinas de laboratórios ocidentais a “preços astronômicos”, duas ou três vezes mais altos do que o negociado com a União Europeia. Ele também questionou a eficácia dos imunizantes produzidos por russos e chineses contra novas variantes da doença.
A pressão de Macron vem às vésperas da reunião virtual do G-7, organizada pelo governo britânico, que ocorre nesta sexta-feira, 19. Um dos temas da cúpula é a campanha de vacinação global e a estratégia utilizada por Rússia e China para obter ganhos diplomáticos com as vacinas.
Macron afirmou que EUA e Europa estão permitindo que milhões de imunizantes sejam aplicados nos países ricos, enquanto nações mais pobres nem sequer receberam uma única dose de vacina. “É uma aceleração sem precedentes da desigualdade global e é também politicamente insustentável, porque está preparando o caminho para uma guerra de influência sobre as vacinas”, disse.
Biden deve anunciar ajuda
Nesta quinta-feira, a Casa Branca informou que o presidente americano, Joe Biden, prometerá na reunião virtual do G-7 uma contribuição de US$ 4 bilhões para o Covax, o programa global de vacinação contra a covid-19 promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma primeira parcela de US$ 2 bilhões será liberada "muito rapidamente", revelou um alto funcionário dos Estados Unidos que pediu anonimato. A segunda parcela de US$ 2 bilhões será adicionada gradualmente ao longo de dois anos, em 2021 e 2022.
O Covax, codirigido pela OMS, a Gavi Vaccine Alliance e a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), foi criado em junho de 2020 para garantir o acesso rápido e equitativo às vacinas contra a covid-19 ao redor o mundo. / AFP e EFE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.