Macron reúne europeus em Paris para discutir ajuda à Ucrânia e aproximação entre Trump e Putin

Objetivo da cúpula, que contará com alemães, ingleses e poloneses, é coordenar uma resposta à abertura de conversações do governo Trump com a Rússia sem a participação europeia

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Por Redação
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PARIS - Líderes da França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, e as principais autoridades da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), estão reunidos em Paris em uma reunião de emergência sobre a guerra na Ucrânia e a segurança europeia nesta segunda-feira, 16. O objetivo é coordenar uma resposta à abertura de conversações do governo Trump com a Rússia sem a participação europeia.

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O encontro em Paris foi idealizado pelo presidente francês, Emmanuel Macron. “O presidente reunirá os principais países europeus amanhã para discussões sobre a segurança europeia”, disse o chanceler francês, Jean-Noël Barrot.

A reação europeia ocorre enquanto as autoridades americanas se preparam para o início das conversações com a Rússia sobre o fim da guerra na Ucrânia. O embaixador russo na Arábia Saudita, onde as negociações devem ocorrer esta semana, reuniu-se neste domingo com o ministro das Relações Exteriores do reino. Dois altos funcionários do governo Trump - Mike Waltz e o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff - voarão para a Arábia Saudita para se juntar ao Secretário de Estado, Marco Rubio, para as negociações.

Ministros das Relações Exteriores de países europeus reunidos em Quai d'Orsay, em Paris, na França, para um cúpula de emergência sobre a guerra na Ucrânia e a aproximação entre EUA e Rússia  Foto: Christophe Petit-tesson/AP

Segundo o diário britânico The Guardian, britânicos, alemães, franceses e poloneses temem que o excesso de concessões à Rússia impulsione Vladimir Putin a buscar um acordo que inclua uma esfera de influência russa na europa oriental, nos moldes do que foi negociado na conferência de Yalta, ao fim da 2ª Guerra Mundial.

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A reunião discutirá as capacidades de defesa que a Europa poderia fornecer para dar à Ucrânia garantias de segurança confiáveis, incluindo um plano para que a Ucrânia se torne membro automático da Otanno caso de uma clara violação do cessar-fogo pela Rússia.

“Somente os ucranianos podem decidir parar de lutar”, disse Barrot. Os ucranianos “nunca pararão enquanto não tiverem certeza de que a paz sugerida a eles será duradoura”. Quem pode fornecer as garantias? São os europeus”.

Uma oferta de adesão à Otan condicionada à violação do cessar-fogo russo, provavelmente exigindo que os EUA permaneçam como garantidores da Ucrânia, foi promovida por alguns senadores americanos e agora tem o apoio de líderes europeus seniores, incluindo Alexander Stubb, o presidente finlandês.

Neste domingo, Rubio disse em uma entrevista de Jerusalém à CBS News que, se surgisse uma oportunidade para uma “conversa mais ampla que envolvesse a Ucrânia e o fim da guerra, e que envolvesse nossos aliados em todo o mundo, particularmente na Europa”, os Estados Unidos a explorariam.

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Ele não disse quais autoridades russas estariam em Riad esta semana e observou que havia feito planos anteriormente para estar na Arábia Saudita de qualquer forma durante essa viagem, sua primeira ao Oriente Médio como secretário de Estado. “Nada foi finalizado ainda”, disse ele.

A reunião com a Rússia, embora preliminar, sinalizaria o início do cronograma acelerado de Trump para um acordo e sua aparente determinação de conduzir as negociações com a Rússia sozinha, pelo menos por enquanto.

Macron durante cúpula em Paris sobre a Síria: europeus se preocupam com proximidade entre Trump e Putin Foto: Sameer Al-doumy/AFP

Zelenski rejeita paz definida entre Rússia e EUA

Não está claro se o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, estará na Arábia Saudita esta semana. Ele disse que viajaria para os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Turquia, mas não especificou quando.

Mas ele deixou claro que não quer entrar em negociações antes de determinar quais garantias de segurança as nações ocidentais estão dispostas a oferecer para assegurar que qualquer cessar-fogo não seja violado. No sábado, 15, ele disse que não tinha tais garantias dos Estados Unidos.

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Em uma entrevista à NBC exibida neste domingo, ele reiterou que “nunca” aceitaria uma negociação de paz estabelecida entre a Rússia e os Estados Unidos sem a Ucrânia.

Perguntado se ele acha que tem um lugar na mesa de negociações no momento, ele não respondeu diretamente. Ele disse que contava com um. Ele afirmou que disse à Trump que Putin “é um mentiroso” que “não quer paz”.

Ainda assim, se as delegações russa e ucraniana se reunissem, seriam as primeiras conversas diretas em quase três anos, aumentando a perspectiva de um fim para a guerra mais sangrenta na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Em Moscou, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores não respondeu a um pedido de comentário. Mas a televisão estatal russa divulgou neste domingo uma entrevista com Dmitri S. Peskov, porta-voz de Putin, que reafirmou o novo otimismo da Rússia em negociar com os Estados Unidos após anos de isolamento diplomático pelo governo Biden.

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“Agora vamos falar sobre paz, não sobre guerra”, disse Peskov. “Com base nas declarações do presidente Trump, estamos resolvendo problemas por meio do diálogo.”/ NYT