PUBLICIDADE

Mais de mil pessoas estão presas em teatro de Mariupol após bombardeio russo; 130 foram resgatadas

Total de sobreviventes e número de mortos ainda é desconhecido. Ataque aconteceu na última quarta-feira, 16, e local ficou destruído

PUBLICIDADE

Atualização:

Cerca de 1,3 mil pessoas estão presas nos destroços do teatro de Mariupol que servia de abrigo, destruído por uma ataque russo na última quarta-feira, 16. Outras 130 foram resgatadas e estão vivas, segundo a comissária do parlamento ucraniano para os Direitos Humanos, Liudmila Denisova. Entre os que estão nos escombros, não há informações sobre quantos estão com vida. As informações são da noite desta quinta-feira, 17.

Em um discurso televisionado, Denisova disse que o trabalho de resgate está em andamento no local. “Estamos rezando para que eles estejam vivos, mas até agora não temos nenhuma informação”, disse.

O teatro servia de abrigo para pessoas de Mariupol que precisaram abandonar as suas casas por conta da guerra. Cerca de 1,4 mil pessoas estavam no local.

A Maxar Technologies, uma empresa privada dos EUA, distribuiu imagens de satélite que disse terem sido coletadas em 14 de março, mostrando a palavra “crianças” escrita em russo no chão do lado de fora do Mariupol Drama Theatre, com telhado vermelho Foto: Maxar Technologies/Reuters

PUBLICIDADE

Segundo os relatos, muitas crianças estavam no local - que tinha o pátio pintado com a palavra “CRIANÇAS” em tinta branca para avisar aos russos sobre a presença delas. Os sobreviventes teriam se instalado em um bunker do teatro, que resistiu ao bombardeio.

Os esforços de resgate são prejudicados por escombros e por novos bombardeios sobre a cidade.

A câmara da cidade de Mariupol acusou um avião russo de jogar uma bomba no lugar, e considerou o ataque “deliberado e cínico”. O ministério russo da Defesa negou ter bombardeado o teatro e atribuiu a explosão a um batalhão nacionalista ucraniano, denominado Azov.

Moscou já tinha responsabilizado esta unidade militar pelo bombardeio, na semana passada, de um hospital pediátrico e maternidade em Mariupol, que provocou indignação internacional. A cidade vive o pior cenário da guerra da Ucrânia, sem eletricidade, gás e água encanada. Cerca de 300 mil pessoas permanecem no local.

Publicidade

Os sinais das operadoras de celular também foram perdidos. Alimentos e remédios estão perto do fim. Nesta semana, a Ucrânia afirmou que a Rússia impediu a entrega de ajuda humanitária.

Ao contrário de outras cidades, a instalação de corredores humanitários em Mariupol também foi mais difícil. Somente nesta semana, depois de diversas tentativas frustradas, os civis conseguiram sair da cidade. Os relatos são de que pelo menos 2 mil veículos particulares deixaram Mariupol.

Presidente ucraniano Volodmir Zelenski em visita a hospital de Kiev onde sobreviventes se recuperam, nesta quinta-feira, 17. Zelenski comparou situação em Mariupol a cerco nazista de Leningrado durante Segunda Guerra Foto: Handout / AFP

A cidade é considerada estratégica por ficar situada às margens do Mar de Azov e entre a Península da Crimeia e a região separatista de Donbass. A sua captura é considerada prioritária para a Rússia.

PUBLICIDADE

Uma grande preocupação entre analistas militares é que a situação em Mariupol possa ser um vislumbre do que está por vir em outras cidades ucranianas, como Kiev, à medida que a guerra se arrasta. “Estamos tentando entender o porquê da destruição, mas é assim que os russos combatem”, afirmou Rita Konaev, especialistas em guerra urbana e diretora associada de análise do Centro para Segurança e Novas Tecnologias da Universidade Georgetown. “Continuamos ouvindo que a Ucrânia não é como a Síria ou a Chechênia. Mas em Mariupol estamos vendo que isso não é verdade.”

O presidente Volodmir Zelenski disse em um discurso público que as bombas lançadas sobre o teatro e a situação de Mariupol são comparáveis ao cerco nazista feito a Leningrado durante a Segunda Guerra Mundial. “Nossos corações estão partidos pelo que a Rússia está fazendo com nosso povo, com nossa Mariupol”, disse Zelenski. /NYT, W.P. e AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.