Manifestantes desafiam governo e violência dispara no centro do Cairo

Mesmo com toque de recolher, confronto entre partidários e oposidores de Mubarak continua e já deixa ao menos três mortos.

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Por BBC Brasil

Manifestantes ignoraram pedido do Exército para que deixassem as ruas Os confrontos entre milhares de manifestantes pró e contra o presidente egípcio, Hosni Mubarak, continuaram na madrugada desta quinta-feira na Praça Tahrir, no centro do Cairo, após o dia mais violento desde o início dos protestos. O governo confirmou que ao menos três pessoas foram mortas e mais de 600 ficaram feridas na quarta-feira, segundo a TV Al-Arabya. No início da noite, o novo vice-presidente Omar Suleiman reiterou o pedido do Exército para que a população obedecesse ao toque de recolher e voltasse para a casa. Segundo os corr espondentes da BBC no Cairo, era possível ouvir troca de tiros durante a madrugada no centro do Cairo. Os manifestantes também colocaram fogo em diversos pontos da praça. O protesto, que até então tinha um clima pacífico, se tornou violento na quarta-feira, quando centenas de partidários de Mubarak chegaram ao local da manifestação, que era dominado pelos opositores. O Exército não reagiu aos violentos choques, apenas atirou para o ar na tentativa de dispersar a multidão. A ONU afirma que desde o início dos protestos, na semana passada, mais de 300 pessoas morreram. Toque de recolher Em pronunciamento à TV estatal do país, Suleiman disse ainda que só iniciará negociações com a oposição quando os protestos conta o governo terminarem. "(Para o) diálogo com as forças políticas da oposição é necessário que as demonstrações acabam e as ruas egípcias voltem ao normal" Suleiman, que ocupava o posto de chefe da segurança, foi nomeado vice-presidente na semana passada, no que analistas dizem ter sido uma medida adotada pelo governo de Hosni Mubarak para apaziguar os ânimos dos opositores. O vice-presidente pediu para que os manifestantes "voltem para suas casas e obedeçam ao toque de recolher". "Os participantes nas manifestações já transmitiram suas mensagens, tanto pedindo reformas como os que apoiam o presidente Hosni Mubarak." Pedras Manifestantes pró-Mubarak invadiram a praça com cavalos Os milhares de manifestantes anti-Mubarak afirmam que as declarações feitas pelo presidente na terça-feira de que não tentará a reeleição, mas seguirá no poder até setembro, seriam insuficientes. Eles pediam a saída imediata do presidente. Leia mais na BBC Brasil sobre o pronuciamento de Mubarak Segundo testemunhas, grupos de manifestantes pró-Mubarak desmontaram barricadas que estavam no local. Houve então discussões e confrontos físicos, e a tensão no local aumentou muito. Alguns manifestantes pró-Mubarak entraram na praça montados em cavalos e camelos, até serem derrubados e espancados por opositores. Segundo correspondentes da BBC, pessoas quebravam o concreto das ruas para atirar pedaços contra adversários. Os conflitos, que também ocorreram em outros locais do centro da capital egípcia, envolveram centenas de pessoas. Os grupos rivais jogavam pedras, tijolos e pedaços de pau uns nos outros. Os distúrbios já chegaram à cidade de Alexandria, onde apoiadores de Mubarak também saíram às ruas, relata o correspondente da BBC Wyre Davies. Ao mesmo tempo, um porta-voz do governo reagiu às manifestações, dizendo que o Egito rejeita os apelos internacionais por uma transferência imediata de poder. Leia mais: Transição no Egito deve começar agora, diz Obama BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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