PUBLICIDADE

Greve geral em Israel afeta aeroportos, hospitais e até McDonald’s

Rede anunciou que as filiais ficariam a segunda-feira sem funcionar; aeroportos e hospitais também integram greve contra projeto do governo Netanyahu

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Em mais uma etapa dos protestos contra o projeto de reforma judicial do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, a rede McDonald’s de Israel aderiu à greve geral desta segunda-feira, 27, e anunciou o fechamento de todas as suas unidades no país ao longo do dia. O presidente israelense e a grande central sindical do país, a Histadrut, pediram ao governo de Netanyahu que paralise o projeto.

PUBLICIDADE

“Toda a nação está profundamente preocupada. Nossa segurança, nossa economia e nossa sociedade estão ameaçadas”, afirmou o presidente Isaac Herzog. “Em nome da unidade do povo de Israel, em nome da responsabilidade necessária, eu peço a vocês que interrompam o processo legislativo imediatamente”, acrescentou Herzog em um comunicado dirigido ao gabinete de Netanyahu e a seus aliados no Parlamento.

O presidente da Histadrut, a grande central sindical de Israel, se uniu à pressão e convocou uma greve geral com o objetivo de forçar a paralisação da reforma judicial. “Temos a missão de deter este processo legislativo e vamos fazer isto”, afirmou Arnon Bar-David em uma mensagem exibida na televisão.

Passageiros lotam aeroporto Ben Gurion em meio à greve geral em Israel  Foto: GIL COHEN-MAGEN / AFP

A rede McDonald’s publicou em suas redes sociais uma mensagem informando que estava aderindo à greve. “Junto com a Histadrut, o McDonald’s Israel fechará todas as suas unidades a partir das 12 horas”

O sindicato dos médicos também anunciou “greve total no sistema de saúde”, que afetará os hospitais públicos. A paralisação também afeta os voos no aeroporto internacional Ben Gurion, perto de Tel-Aviv, informou à agência France-Press Liza Dvir, porta-voz da autoridade aeroportuária.

Demissão

A convocação da greve e o apelo de Herzog ocorreram após as manifestações de domingo à noite em Tel-Aviv, organizadas depois que Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por pedir uma pausa de um mês no processo legislativo de aprovação da reforma.

O projeto do governo de Netanyahu, um dos Executivos mais à direita na história de Israel, pretende aumentar o poder dos políticos sobre os juízes e diminuir o papel da Suprema Corte.

Publicidade

Os críticos afirmam que a reforma ameaça a separação dos poderes e, portanto, o caráter democrático do Estado de Israel. A rejeição ao projeto provocou nos últimos meses um dos maiores movimentos populares de protestos da história do país.

Na mobilização de domingo, os manifestantes ocuparam uma grande avenida que atravessa Tel-Aviv, montaram barricadas e acenderam fogueiras. A polícia respondeu com jatos de água. Os manifestantes exibiram bandeiras do país e gritaram frases com “Israel não é uma ditadura!” e “Não a um governo fascista”.

“Durante a noite, nós observamos cenas muito difíceis”, disse Herzog, que fez um apelo ao governo de Netanyahu em tom dramático: “Todo o povo de Israel está nos observando. Todo o povo judeu está nos observando. O mundo inteiro está observando”.

De acordo com a imprensa, Netanyahu pode discursar à nação nesta segunda-feira.

Os manifestantes também se reuniram nesta segunda-feira diante do Parlamento, em Jerusalém. “Pedimos ao governo que paralise esta reforma maluca”, declarou à AFP Keren Mimran, 57 anos, que trabalha no setor de alta tecnologia. “Israel se tornou um lugar muito perigoso neste momento”, disse Trevor Galor, proprietário de uma empresa de turismo.

Extrema direita

Netanyahu e seus aliados ultraortodoxos e de extrema direita defendem a reforma. O governo alega que é necessário equilibrar a correlação de forças entre os funcionários eleitos e a Suprema Corte, que o atual Executivo considera politizada.

O processo legislativo segue adiante e nesta segunda-feira a comissão parlamentar de leis votou a favor de um dos elementos cruciais da reforma: o projeto de lei que modifica o processo de nomeação dos juízes.

Publicidade

O governo dos Estados Unidos, grande aliado de Israel, expressou grande preocupação e destacou a “necessidade urgente de um compromisso”. “As mudanças fundamentais em um sistema democrático devem acontecer com a base mais ampla possível de apoio popular”, afirmou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, em um comunicado.

Em um discurso na quinta-feira, Netanyahu se comprometeu a “acabar com a divisão”, mas reiterou sua determinação de avançar com a reforma.

No dia seguinte o primeiro-ministro foi advertido pela justiça, que considerou “ilegal” sua intervenção pública sobre a reforma judicial, pois ele está envolvido em processos por suborno, fraude e abuso de confiança, acusações que ele nega.

Em maio de 2020, a Suprema Corte de Israel decidiu que um primeiro-ministro indiciado não tem o direito de atuar em um âmbito no qual poderia incorrer em conflito de interesses. / AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.