O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira, 22, teve rápida repercussão na imprensa internacional. Agências de notícias e jornais de diferentes países destacaram as falas do presidente brasileiro sobre a pandemia e as queimadas no País.
Esse foi o segundo discurso do presidente brasileiro na tribuna das Nações Unidas. Jair Bolsonaro enfatizou que o Brasil é vítima de "interesses escusos" em uma campanha internacional para prejudicar a imagem do País.
A agência de notícias francesa AFP deu destaque à fala do presidente sobre uma "campanha de desinformação" sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Os franceses citaram a fala do presidente sobre a causa do incêndio.
"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas".
Já a agência norte-americana Associated Press deu destaque às críticas do presidente ao que chamou de "politização do coronavírus". "Como ocorre no resto do mundo, parte da imprensa brasileira politizou o vírus, semeando o pânico entra a população. Com o lema 'fique em casa', 'a economia vemos depois' quase provocaram um caos social no país".
O diário britânico The Guardian relatou as falas de Bolsonaro em sua cobertura em tempo real da Assembleia-Geral. Escreveu que o presidente brasileiro elogiou o agronegócio brasileiro e os caminhoneiros - dois importantes grupos de apoio. “O homem no campo não parou nunca”, disse ele, culpando a desinformação pelas más notícias sobre os incêndios na Amazônia e no Pantanal.
O The Guardian traz dados para rebater as informações do presidente. "Na verdade, o Pantanal, a maior área úmida do mundo, está enfrentando a maior devastação de sua história. A área queimada este ano é equivalente ao tamanho do Estado de Israel - 3 milhões de hectares ou 20% de todo o bioma".
Ao enaltecer sua resposta à pandemia, Bolsonaro não mencionou as 137 mil mortes nem o fato de o Brasil ser um dos três países mais afetados pelo vírus no planeta.
O jornal argentino Clarín também destacou que o presidente defendeu suas políticas para o meio ambiente e afirmou que o governo tem sido vítima de uma "campanha brutal de desinformação".
Os argentinos destacaram que o Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos e que por isso haveria interesse em prejudicar a imagem da nação. O diário traz dados oficiais mostrando a devastação na Amazônia e no Pantanal.
O jornal português O Público destacou que Bolsonaro culpou os índios pelos incêndios na Amazônia.
"Nos últimos meses, a região do Pantanal tem sido dizimada por fortes incêndios, pondo em causa não só a fauna e a flora única deste bioma, mas também a sobrevivência dos povos indígenas locais. No entanto, Bolsonaro apontou precisamente o dedo aos índios e aos “caboclos” pelos incêndios justificados pela “busca da sobrevivência”, sem fornecer qualquer prova desta acusação", escreveu o jornal.
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