A milícia xiita comandada pelo clérigo anti-EUA Muqtada al-Sadr tomou o controle da cidade iraquiana de Amarah, no sul do Iraque, nesta sexta-feira, em um dos atos mais desafiadores já promovidos por um exército não-oficial no país. Segundo um comandante militar britânico, cerca de 25 pessoas, entre milicianos e policiais, morreram durante as batalhas. A cidade tomada pelos guerrilheiros tem cerca de 750 mil habitantes. Em resposta à ofensiva, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki enviou à região uma delegação emergencial de segurança, informou Yassin Majid, assessor de imprensa do premier. Entre as autoridades deslocadas para Amarah está o ministro do Estado para Assuntos de Segurança. Os membros do Exército Mahdi atacaram as três principais delegacias de polícia da cidade na sexta-feira de manhã, usando explosivos que demoliram as construções, segundo testemunhas. Aproximadamente 800 milicianos mascarados com rifles Kalashnikov e lançadores de granadas patrulhavam a cidade em veículos da polícia, afirmam testemunhas. Outros combatentes fizeram barreiras nas estradas que levam à cidade, e caminhões de som circulavam orientando à população a ficar dentro de suas casas. Revés A tomada de Amarah acontece em um momento de crescentes reveses para as tropas americanas no Iraque. Na quinta-feira, o comando militar americano admitiu que um plano encabeçado por tropas da coalizão e iraquianas para sanar a violência em Bagdá não funcionou como esperado. Já no final de semana, cerca de 100 pessoas morreram por causa da violência sectária na cidade de Balad. Diante da deterioração da situação, o presidente americano, George W. Bush, disse nesta sexta-feira que a situação no Iraque é dura, e admitiu possíveis revisões de sua estratégia militar no país. Ele também concedeu uma entrevista na quarta-feira em que aceitou pela primeira vez uma comparação entre a situação no Iraque e a Guerra do Vietnã. Os americanos haviam devolvido o controle da cidade de Balad aos iraquianos em agosto. E em Amarah a conjuntura não é muito diferente. Forças britânicas comandavam a cidade tomada nesta sexta-feira também em agosto. Os milicianos mais tarde se retiraram de suas posições e suspenderam seu cerco a quartéis de polícia em uma trégua temporária negociada com um enviado de al-Sadr. Ainda nesta tarde que sexta-feira, horário local, era incerto se as forças de segurança haviam reassumido o controle da cidade. O porta-voz militar britânico, major Charlie Burbridge, disse que 600 soldados do exército iraquiano haviam retomado controle da cidade, mas não antes de 25 homens, entre rebeldes e polícia, serem mortos na violência que começou na quinta-feira à noite. "Eles solicitaram uma solução e até o momento ela está agüentando", disse Burbridge. "No momento, a situação é tensa, mas calma", disse o oficial. A Inglaterra tinha 500 soldados em espera, segundo Burbridge, acrescentando que autoridades militares estavam "confiantes que elas (forças de segurança iraquianas) respondessem da melhor forma possível". Violência entre facções xiitas Os incidentes em Amarah destacam a ameaça do aumento da violência entre facções xiitas, que se entrincheiram entre a maioria da população xiita, e são culpadas das mortes do rivais sunitas. Os conflitos am Amarah começaram na quinta-feira após o chefe da inteligência da polícia da província vizinha, membro da milícia rival xiita Brigada Badr, ter sido morto por uma bomba na beira da estrada, o que fez a sua família seqüestrar o irmão adolescente do chefe local do exército Mahdi.