A liderança comunista cubana assegurou nesta sexta-feira que o presidente interino, Raúl Castro, possui firme controle do país, apoiado pelos militares, que estão prontos para reagir a qualquer ataque estrangeiro. Paralelamente, o ministro da Saúde de Cuba, José Ramón Balaguer, afirmou durante visita à Guatemala que o presidente Fidel Castro se recupera de forma satisfatória da operação gastrointestinal à qual foi submetido na última segunda-feira. Também nesta sexta-feira, o governo cubano baixou seu primeiro decreto desde a saída temporária de Fidel, anunciada na segunda-feira, com a condenação pelo ministério de Relações Exteriores cubano do bombardeio israelense contra a vila libanesa de Qana. O ministério caracterizou o ataque como "covarde e criminoso", pediu um cessar-fogo imediato e apelou para que mundo obrigue Israel a parar. A declaração veio em meio aos esforços da cúpula cubana para demonstrar que o governo opera normalmente, mesmo com Fidel temporariamente afastado de seu cargo. Ainda assim, exilados cubanos que comemoraram a transferência de poder sem precedentes, pediram que o governo americano faça mais para encorajar uma transição democrática na ilha. Mas o governo cubano não demonstrava temor de que a situação possa vir a mudar. "A unidade e a força da Revolução está sendo reafirmada", disse o jornal do Partido Comunista Cubano (PCC), Granma. "Nós, cubanos, estamos preparados para a defesa e Raúl está firme no comando da Nação e das Forças Armadas Revolucionárias." Segundo o ministro da Saúde cubano, um antigo líder do PCC, Fidel "foi submetido a uma cirurgia da qual ele se recupera satisfatoriamente". Balaguer viajou ao município de São Cristóbal Verapaz, na Guatemala, para participar, ao lado do presidente da guatemalteco, Oscar Berger, da inauguração de um hospital oftalmológico que foi equipado pelo Governo de Havana e que terá atendimento de médicos e especialistas cubanos. O ministro cubano, que chegou na quinta-feira à Guatemala, afirmou que o Governo de Havana recebeu "desde os mais afastados lugares do mundo as mensagens de apoio" pela recuperação de Fidel Castro. Ele se negou dar mais detalhes sobre os problemas de Fidel e seu processo de recuperação. Campanha pró-Raúl O Partido Comunista também lançou uma campanha enfatizando as raízes revolucionárias de Raúl e sua lealdade a seu irmão mais velho. Em sua edição desta sexta-feira, o Granma recontou a história da decisão de Raúl de assumir a responsabilidade pelos ataques contra postos militares que lançaram a Revolução Cubana depois de achar que seu irmão havia morrido. Quando soube que Fidel tinha sobrevivido, Raúl Castro retornou a seu papel como soldado, segundo o artigo, que acrescenta: "Esta é uma história que não pode ser ignorada diante dos eventos atuais." O Granma também rejeitou as declarações do presidente americano, George W. Bush, que pediu a democratização da ilha. Segundo o jornal do PCC, Cuba está funcionando normalmente durante a recuperação de Fidel. "Sobre que incertezas o presidente está falando?", questiona o jornal.
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