Ministro de Israel faz ameaça ao Irã

Mofaz adverte que um ataque às instalações nucleares iranianas é ?inevitável?, diante de fracasso das sanções

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Por Reuters, Ap e Afp
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Um ataque israelense às instalações nucleares do Irã é "inevitável", em razão do aparente fracasso das sanções impostas para forçar Teerã a abandonar seu programa nuclear, declarou o vice-premiê e ministro dos Transportes de Israel, Shaul Mofaz. Em entrevista publicada ontem pelo jornal Yedioth Ahronoth, Mofaz também disse que o presidente Mahmud Ahmadinejad "desaparecerá antes de Israel", referindo-se às reiteradas declarações do líder iraniano prevendo o fim do Estado judeu. "Se o Irã continuar com seu programa para desenvolver armas nucleares, nós o atacaremos. Sanções são ineficazes", disse ao Yedioth Ahronoth. "Atacar o Irã para impedir seus planos militares será inevitável", acrescentou Mofaz, que já foi chefe do Exército e ministro da Defesa. Essa foi a mais explícita ameaça feita contra o Irã por um membro do governo do primeiro-ministro Ehud Olmert - às voltas, internamente, com acusações de corrupção que podem pôr fim à sua coalizão. Mofaz, que nas últimas semanas tem feito declarações duras sobre vários temas, destacou que tal ataque somente poderia ser realizado com o apoio dos EUA. A Casa Branca disse ontem que entende as preocupações de Israel pela ameaça representada pelo programa nuclear do Irã, mas ressaltou que permanece comprometida em resolver a questão pela via diplomática. Questionada sobre se os EUA ainda estavam mantendo a opção militar como um último recurso, a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, lembrou que o presidente George W. Bush sempre diz que "nunca tirará nenhuma opção da mesa", mas que Washington buscava uma solução multilateral. O Irã tem desafiado a pressão do Ocidente para que abandone seu programa de enriquecimento de urânio, assegurando que ele tem fins pacíficos. Israel e os EUA temem que Teerã esteja buscando fabricar armas nucleares. Os líderes iranianos também ameaçaram retaliar contra Israel - que seria o único país do Oriente Médio com um arsenal atômico - e alvos dos EUA no Golfo em caso de ataque contra o Irã. O porta-voz de Olmert, Mark Regev, não quis comentar diretamente as declarações de Mofaz, mas repetiu o discurso americano de que "todas as opções estão sobre a mesa" e mais pressão financeira deveria ser imposta a Teerã. "Acreditamos que a comunidade internacional deveria considerar mais passos, como o embargo do petróleo refinado para o Irã, sanções contra empresários iranianos que viajam para o exterior e ampliar as pressões sobre instituições financeiras iranianas", disse. A ONU já impôs três séries de sanções contra o Irã, sem obter nenhum resultado. Durante visita aos EUA, Olmert disse na terça-feira que as ambições nucleares do Irã devem ser impedidas "por todos os meios". Bush, por sua vez, declarou que o mundo precisa levar a sério a ameaça representada pelo Irã. Os comentários ameaçadores de Mofaz sobre o Irã coincidem com o lançamento de sua campanha para substituir Olmert - caso ele ceda às pressões para que renuncie - na chefia do governante Partido Kadima. A cúpula do partido prevê reunir-se nos próximos dias para decidir se realiza uma votação interna. Uma recente pesquisa indicou que 39% dos membros do Kadima votariam na chanceler Tzipi Livni como novo líder e 25% em Mofaz.

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