Muçulmanos celebram ''nova retórica'' dos EUA

Para aliados e inimigos dos americanos no mundo islâmico, fala no[br]Egito é sinal de mudança, mas que deve dar lugar a medidas concretas

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Por AP e GAZA
Atualização:

O discurso do presidente Barack Obama na Universidade do Cairo foi interpretado no mundo islâmico como um sinal de melhora na posição de Washington, mesmo entre tradicionais desafetos dos EUA. A impressão geral, porém, é que a mudança só virá quando as palavras e ideias de Obama se converterem em políticas concretas, sobretudo em relação ao conflito entre palestinos e israelenses. Na Faixa de Gaza, Fawzi Barhoum, principal porta-voz do Hamas - grupo considerado terrorista pelos EUA -, saudou a "mudança de tom". No entanto, palestinos teriam sentido falta de uma menção à recente ofensiva de Israel em Gaza, disse Barhoum. "Houve uma mudança na linguagem em relação ao governo de George W. Bush. Mas as declarações de Obama não trouxeram um mecanismo capaz de converter suas intenções em ações", declarou. Ahmed Yousef, principal assessor para assuntos internacionais do Hamas, disse que Obama teve "um momento Marin Luther King Jr.". "O que ele falou sobre o Islã e sobre os palestinos foi excelente", disse. Depois completou: "Mas nós ainda temos muitas reservas." A facção rival do Hamas, Fatah, mostrou-se mais receptiva diante do apelo aos muçulmanos de Obama. "A parte do discurso sobre a questão palestina é um importante passo para um novo começo", disse Nabil Abu Rdeneh, porta-voz da Autoridade Palestina, comandada pelo Fatah. "O discurso coloca sementes de esperança nos nossos corações, como árabes e como muçulmanos", disse o membro do Fatah Mohammed Zakarneh. No Líbano, os líderes do Hezbollah disseram não ter assistido o discurso. No entanto, a TV do grupo xiita, Al-Manar, transmitiu ao vivo o pronunciamento de Obama, qualificado pelo âncora da rede de "histórico". As duas principais redes de televisão do mundo árabe, Al-Arabiya e Al-Jazira, também mostraram o discurso, com dublagem ao vivo. Muçulmanos aprovaram o tom humilde que Obama imprimiu ao discurso, assim como suas referências ao Alcorão e o uso da saudação em árabe Assalamu aleikum ("Que a paz esteja com vocês"), que arrancou aplausos da plateia na Universidade do Cairo. ?FRASES E SLOGANS? Para o clérigo iraniano Mohammad Ali Abtahi, que foi vice-presidente sob o governo do moderado Mohammad Khatami, "Obama compensou o ambiente hostil que foi criado durante a era Bush". Controladas pelo regime dos aiatolás, as tevês do Irã não transmitiram o apelo de Obama aos muçulmanos e dedicaram pouco espaço nos jornais às palavras do presidente. Mesmo assim, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, havia preparado o país para o discurso um dia antes, afirmando que a fala de Obama só traria "frases, discursos e slogans". "O discurso doce e florido mostra apenas uma coisa: que os EUA querem adotar uma nova atitude para subjugar o mundo e colocá-lo sob seu controle", disse o clérigo xiita iraquiano Muqtada al-Sadr, líder do Exército Mehdi. Outro clérigo xiita, Mohamed Ali, de Najaf, discordou: "O discurso mostra que os EUA estão comprometidos em ajudar o Iraque." No outro país muçulmano sob ocupação direta dos EUA, o Afeganistão, o discurso foi televisionado ao vivo, mas sem tradução - o que fez com que poucos afegãos conseguissem entendê-lo. REAÇÕES Ahmed Yousef Líder do Hamas "Obama teve um momento Martin Luther King Jr." Nabil Abu Rdeneh Porta-voz do Fatah "A parte do discurso sobre a questão palestina representou um importante passo para um novo começo" Mohammad Ali Abtahi Ex-premiê do Irã "Obama compensou o ambiente hostil criado por Bush" Moqtada al-Sadr Líder do Exército do Mehdi "O discurso representa apenas uma coisa: os EUA mudaram de atitude para subjugar o mundo"

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