CARACAS - A euforia entre os opositores venezuelanos após a vitória na eleição de domingo deve dar lugar ao enfrentamento do complexo cenário de crise econômica que vive o país a partir de janeiro, quando os novos deputados assumem seus cargos. Os profundos problemas como o descontrole do câmbio paralelo e a queda do preço do petróleo – fonte de 96% das divisas da Venezuela – não serão mitigados em um horizonte breve, enxergam analistas.
“A Assembleia Nacional precisa ser o centro do debate contra a crise. Todos os atores políticos devem se reunir ali, sindicatos, associações, ONGs, para oferecer suas soluções. Seria um bom começo (para a oposição no Legislativo)”, afirmou ao Estado o economista Asdrubal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica.
O poder da Mesa da Unidade Democrática (MUD) para influenciar diretamente as questões do setor terá seus limites, já que a prerrogativa para formulação de políticas econômicas pertence ao Executivo do país. Os deputados, no entanto, têm diversas frentes para atacar a questão da crise. Uma delas é pressionar as autoridades econômicas a retomar a divulgação dos indicadores do país com confiabilidade – o índice de inflação, por exemplo, não é divulgado pelo Banco Central da Venezuela desde fevereiro e está estimado por analistas independentes em cerca de 250% para este ano.
“A oposição precisa resgatar o papel (da AN) como controlador, interpelando ministros para que façam suas prestações de contas corretamente. Os deputados poderão atuar como contrapeso ao Executivo. Devem exigir maior transparência na publicação de contas e estatísticas”, avaliou Oliveros.
Orçamento. Um dos líderes da MUD, Henrique Capriles, candidato derrotado por Nicolás Maduro na disputa para a presidência em 2013, falou ontem à imprensa sobre o que seu grupo pretende fazer quanto à economia quando assumir a maioria qualificada da Assembleia.
“A chave para tirar o país dessa situação difícil é produzir. É trocar o modelo que temos hoje pelo de produção em âmbito nacional. Os deputados aprovam o orçamento. O do ano que vem já foi aprovado, mas pode ser revisado. O que é mais importante, a comida ou os Sukhoi (caças russos comprados pelo chavismo)? Os remédios ou comprar tanques de guerra russos? A educação ou os gastos com calçados de Nicolás Maduro? Por que temos de pagar os calçados dele?”, questionou o opositor.
A intenção manifestada por Capriles foi a de usar o poder do Legislativo sobre as peças orçamentárias – iniciando por uma revisão da que foi aprovado ainda na semana passada pelos chavistas. O opositor disse que rever as prioridades do gasto público é um meio de iniciar a reversão de fatores cruciais da crise, como a escassez de alimentos e outros produtos básicos.
Dolarização. Um dos candidatos eleitos pelo partido de Capriles, o Primeiro Justiça (PJ), Tomás Guanipa, usou como plataforma de campanha a promessa de “dolarizar o salário mínimo”. A ideia seria de equiparar o rendimento aos preços reais das mercadorias, que acompanha em grande medida a escalada do dólar paralelo – hoje, em cerca de 900 bolívares.
Sobre o plano, o líder do PJ foi vago, respondendo que é preciso encontrar “alguma maneira” de melhorar o poder de compra dos venezuelanos, mas sem afirmar que buscaria uma relação tão direta entra os preços da moeda americana e o mínimo imposto pelo governo.
Outro deputado do PJ, Julio Borges, afirmou ontem que a vitória opositora não “resolve a crise”, mas coloca o país “no caminho de uma solução”.
A euforia entre os opositores venezuelanos após a vitória na eleição de domingo deve dar lugar ao enfrentamento do complexo cenário de crise econômica que vive o país a partir de janeiro, quando os novos deputados assumem seus cargos. Os profundos problemas como o descontrole do câmbio paralelo e a queda do preço do petróleo – fonte de 96% das divisas da Venezuela – não serão mitigados em um horizonte breve, enxergam analistas.
“A Assembleia Nacional precisa ser o centro do debate contra a crise. Todos os atores políticos devem se reunir ali, sindicatos, associações, ONGs, para oferecer suas soluções. Seria um bom começo (para a oposição no Legislativo)”, afirmou ao Estado o economista Asdrubal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica.
O poder da Mesa da Unidade Democrática (MUD) para influenciar diretamente as questões do setor terá seus limites, já que a prerrogativa para formulação de políticas econômicas pertence ao Executivo do país. Os deputados, no entanto, têm diversas frentes para atacar a questão da crise. Uma delas é pressionar as autoridades econômicas a retomar a divulgação dos indicadores do país com confiabilidade – o índice de inflação, por exemplo, não é divulgado pelo Banco Central da Venezuela desde fevereiro e está estimado por analistas independentes em cerca de 250% para este ano.
“A oposição precisa resgatar o papel (da AN) como controlador, interpelando ministros para que façam suas prestações de contas corretamente. Os deputados poderão atuar como contrapeso ao Executivo. Devem exigir maior transparência na publicação de contas e estatísticas”, avaliou Oliveros.
Orçamento. Um dos líderes da MUD, Henrique Capriles, candidato derrotado por Nicolás Maduro na disputa para a presidência em 2013, falou ontem à imprensa sobre o que seu grupo pretende fazer quanto à economia quando assumir a maioria qualificada da Assembleia.
“A chave para tirar o país dessa situação difícil é produzir. É trocar o modelo que temos hoje pelo de produção em âmbito nacional. Os deputados aprovam o orçamento. O do ano que vem já foi aprovado, mas pode ser revisado. O que é mais importante, a comida ou os Sukhoi (caças russos comprados pelo chavismo)? Os remédios ou comprar tanques de guerra russos? A educação ou os gastos com calçados de Nicolás Maduro? Por que temos de pagar os calçados dele?”, questionou o opositor.
A intenção manifestada por Capriles foi a de usar o poder do Legislativo sobre as peças orçamentárias – iniciando por uma revisão da que foi aprovado ainda na semana passada pelos chavistas. O opositor disse que rever as prioridades do gasto público é um meio de iniciar a reversão de fatores cruciais da crise, como a escassez de alimentos e outros produtos básicos.
Dolarização. Um dos candidatos eleitos pelo partido de Capriles, o Primeiro Justiça (PJ), Tomás Guanipa, usou como plataforma de campanha a promessa de “dolarizar o salário mínimo”. A ideia seria de equiparar o rendimento aos preços reais das mercadorias, que acompanha em grande medida a escalada do dólar paralelo – hoje, em cerca de 900 bolívares.
Sobre o plano, o líder do PJ foi vago, respondendo que é preciso encontrar “alguma maneira” de melhorar o poder de compra dos venezuelanos, mas sem afirmar que buscaria uma relação tão direta entra os preços da moeda americana e o mínimo imposto pelo governo.
Outro deputado do PJ, Julio Borges, afirmou ontem que a vitória opositora não “resolve a crise”, mas coloca o país “no caminho de uma solução”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.