Ativistas turcos pedindo mais mulheres em cargos públicos utilizando véus criticaram hoje o partido governista por nomear apenas uma candidata que utiliza a vestimenta islâmica para as eleições de junho. As regras seculares da Turquia proíbem o uso da vestimenta islâmica em escolas e órgãos do governo, mas há um debate sobre se isso se aplica também ao Parlamento.O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, pareceu se esquivar do assunto ontem, quando anunciou a lista de candidatos de seu partido para a eleição parlamentar de 12 de junho. Das 78 mulheres apontadas pelo Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), apenas uma usa o véu. Além disso, essa candidata foi colocada no final da lista, tornando sua eleição uma possibilidade distante. Grupos de mulheres islâmicas fizeram uma campanha vigorosa pela indicação da candidata.A mulher de Erdogan e suas filhas usam o véu muçulmano e seu partido critica as leis restringindo o uso dos véus. Mas Erdogan parece evitar um confronto com setores seculares da Turquia, incluindo os militares e o Judiciário. "A indicação (da candidata) foi simbólica", disse Metehan Demir, jornalista e comentarista político. "O partido quer evitar uma crise. Se não fosse assim, a candidata poderia facilmente ter sido colocada no topo da lista".Em 1999, a política Merve Kavakci utilizou um véu, mas não conseguiu realizar seu juramento e acabou expulsa da Assembleia. Em 2008, o partido de Erdogan quase foi dissolvido pela Corte Constitucional, que acusou a sigla de violar a Constituição secular do país, após o AKP tentar acabar com uma proibição a véus muçulmanos em universidades do país.O primeiro-ministro diz que deve tratar do tema dos véus muçulmanos após as eleições. Ele já sinalizou que pode mudar leis da Constituição para conceder mais liberdades, incluindo o uso dos véus, caso saia fortalecido da disputa. O partido governista é favorito para as eleições de junho, segundo pesquisas. As informações são da Associated Press.