Um dia antes das delegações russa e ucraniana se encontrarem em Istambul para uma nova rodada de negociações, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou em uma entrevista a jornalistas russos independentes que Kiev está discutindo seriamente a adoção do status neutro em um eventual acordo com Moscou.
Zelenski disse ainda que a Rússia deve retirar suas tropas do país antes que qualquer documento seja assinado sobre a não adesão da Ucrânia à Otan e as garantias de segurança que, em troca, Kiev exige de vários países como Turquia e Reino Unido.
Em uma entrevista de 90 minutos, por videochamada, Zelenski explicou aos jornalistas que a Ucrânia está preparada para adotar um status de neutralidade em um acordo de paz com a Rússia, mas isso teria de ser garantido por terceiros e submetido a um referendo. Zelenski falou o tempo todo em russo.
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“Precisamos de um acordo com o presidente (Vladimir) Putin. Os fiadores não assinarão nada se houver tropas (dentro da Ucrânia)”, disse ele em entrevista à mídia russa independente, incluindo o portal Meduza (localizado na Letônia) e jornalistas da TV proibida Dozhd, do diário de negócios Kommersant e do autor Mikhail Zygar, que vive no exílio.
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A diretriz foi dirigida a uma série de meios de comunicação, a maioria crítica ao governo russo, como o jornal Novaya Gazeta, a rede online Dojd, ou o portal Mediazona, classificados como agentes estrangeiros
O regulador de comunicações, Roskomnadzor, havia afirmado que esses meios de comunicação não deveriam publicar a entrevista, e alertou que “vai determinar o grau de responsabilidade e tomar medidas de resposta”, segundo o Meduza. A entrevista com o presidente ucraniano foi a primeira que ele deu a jornalistas russos desde o início da guerra.
Zelenski disse que a invasão militar causou a destruição de cidades de língua russa na Ucrânia, e disse que o dano foi pior do que as guerras russas na Chechênia. “Garantias de segurança e neutralidade, status não nuclear de nosso Estado. Estamos prontos para isso. Este é o ponto mais importante”, disse Zelenski.
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A Ucrânia estava discutindo o uso da língua russa no país em conversas com Moscou, mas se recusou a discutir outras demandas, como sua desmilitarização, disse Zelenski.
“Mas não quero que (o acordo) seja mais um documento no estilo do Memorando de Budapeste”, acrescentou Zelenski, referindo-se aos acordos assinados pela Rússia em 1994 que garantem a integridade e a segurança de três ex-repúblicas soviéticas, incluindo a Ucrânia, em troca da renúncia ao poder nuclear - armas herdadas da URSS.
Novas negociações
As delegações russa e ucraniana se reunirão a partir desta segunda-feira na Turquia para uma nova rodada de negociações presenciais, anunciaram os dois lados e pela presidência turca. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, conversou neste domingo com o líder russo, Vladimir Putin, sobre as conversações.
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Segundo comunicado oficial de Ancara, Erdogan disse que estava disposto a fazer qualquer contribuição necessária para estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia e melhorar a condição humanitária na região. As negociações estão previstas para começar na segunda-feira, segundo o negociador ucraniano, David Arakhamia, mas uma data oficial não foi confirmada.
A Turquia recebeu, na cidade de Antalya, uma sessão de negociação entre os chanceleres russo e ucraniano no dia 10, mas elas não produziram nenhum avanço concreto. Desde então, as conversações têm continuado por videoconferência, o que as partes têm consideram uma tarefa difícil./REUTERS, AFP, EFE e NYT
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