‘Não compro, ganho de presente’, diz deputado chileno sobre maconha após exigência de teste de droga

Congresso do Chile aprovou novo regulamento interno que determina a realização de exames toxicológicos em parlamentares durante seus mandatos; políticos que admitem consumo negam relação com o narcotráfico

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Por Redação
Atualização:

SANTIAGO - O Congresso Nacional do Chile determinou que 78 dos 155 deputados do país realizem exames toxicológicos (para detectar a presença de drogas no organismo) nas próximas semanas, como parte da implantação do regulamento interno de controle de consumo de drogas da Câmara, aprovado em julho. Parlamentares que admitem o consumo de substâncias ilícitas se manifestaram, alegando não financiar o narcotráfico.

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Os primeiros parlamentares a serem testados foram escolhidos por meio de um sorteio realizado na quarta-feira, 17, no Congresso, em Valparaíso, a cerca de 120 km de Santiago. Os deputados que não foram sorteados serão testados no fim de setembro.

“Foi estabelecido um prazo, entre os dias 22 e 30 de agosto, para que os deputados se dirijam ao laboratório da Universidade do Chile para realizar esse teste”, disse Raúl Soto, presidente da Câmara, que foi um dos sorteados para o exame.

Manifestantes participam de marcha a favor da legalização da maconha em Santiago. Foto: Javier Torres/ AFP - 03/07/2022

Os exames levam entre 10 e 15 dias para ficarem prontos. Os resultados serão públicos e, em caso de resultado positivo, poderá ser levantado o sigilo bancário do parlamentar para comprovar que não há movimentações de dinheiro que não possam ser justificadas.

O exame será semestral e aplicado a cada parlamentar pelo menos duas vezes em seus quatro anos de mandato.

‘Não compro, eu ganho de presente’

O Congresso do Chile justificou a normativa como parte de uma “busca para elevar os padrões de transparência no trabalho parlamentar, além de evitar crimes relativos ao tráfico de drogas e qualquer relação deste flagelo com a Câmara”. No entanto, deputados que defendem a legalização das drogas - e são assumidamente usuários de substâncias ilícitas no país - negaram a prática com qualquer atividade criminosa.

O deputado Jaime Sáez, do Revolução Democrática, partido que integra a base de apoio ao presidente Gabriel Boric, declarou abertamente que consumia maconha, mas disse não financiar o tráfico de drogas.

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Não me abasteço de forma ilegal, não compro, eu ganho de presente. Em algum momento da vida, quando era mais jovem, plantei. Cheguei a ter, no auge, duas plantas ao ar livre, nada muito elaborado

Jaime Sáez, deputado chileno

A deputada Ana María Gazmuri (Ação Humanista), ativista pela legalização da maconha, repetiu um discurso muito similar ao de Sáez, admitindo fazer uso da droga e negando financiar o narcotráfico.

Eu também fumo, não me envergonho, e cultivo minhas plantas para não alimentar os cofres do narcotráfico

Ana María Gazmuri

Ainda de acordo com as informações divulgadas pelo Congresso do Chile, o exame toxicológico que será realizado nos parlamentares será feito a partir da coleta de fios de cabelo./ AFP

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