O neoliberal Gonzalo Sanchez de Lozada, do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), foi eleito neste domingo o novo presidente boliviano pelo Congresso, com 84 votos a favor - quatro a mais que a maioria absoluta num plenário de 157 senadores e deputados - derrotando o candidato indígena socialista apoiado pelos plantadores de coca, Evo Morales, que ficou com 43 votos. A eleição parlamentar, convocada graças a uma lei que prevê a votação legislativa caso nenhum dos candidatos alcance 50% dos votos, durou cerca de 27 horas. O candidato independente Carlos Mesa, jornalista e companheiro de cédula de Lozada, será o vice-presidente para o período de 2003 a 2007. O chefe do MNR assegurou a presidência com um acordo feito com o ex-presidente Jaime Paz Zamora e seu partido, o Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR). Além do partido de Zamora, participaram da aliança o partido oficialista Ação Democrática Nacionalista e a União Cívica Solidariedade. Lozada foi eleito com dois votos a menos do que o previsto, já que dois deputados da Frente Revolucionária de Esquerda - integrante da aliança junto com o MIR - votaram em branco. Lozada, que já ocupou a presidência boliviana de 1993 a 1997, assumirá o cargo na terça-feira, sucedendo a Jorge Quiroga. A sessão parlamentar teve momentos de tensão, com intervenções, insultos e pronunciamentos fortes contra Lozada, com gritos de traidor e vende-pátria. O candidato derrotado, Evo Morales, permanecerá no Congresso como o deputado com mais votos recebidos na história da Bolívia, com 83% de sua jurisdição. Atrás de Morales ficou o candidato Manfred Reyes Villa, do partido Nova Força Republicana (NFR), que recebeu 26 votos de seus deputados. Após declarar seu voto, Morales reafirmou seu repúdio ao presidente eleito. "Os neoliberais, campeões da corrupção, se uniram para combater os dignos camponeses, trabalhadores e estudantes desse país", disse. Lozada sustentou durante a campanha que seu eventual governo atacaria de imediato a crise econômica que teria "conseqüências imprevisíveis" para a Bolívia. O presidente eleito prometeu criar ´empregos, empregos e mais empregos´, num país com uma taxa de desemprego que superou os 12% e com o menor índice de desenvolvimento econômico da América do Sul. Cada 7 entre 10 bolivianos vivem entre a pobreza e a extrema pobreza, segundo censo realizado em 2001.