Netanyahu diz que cessar-fogo em Gaza é ‘temporário’ e exige lista com reféns que serão soltos

Cessar-fogo entre o Hamas e Israel está previsto para entrar em vigor na madrugada deste domingo

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Por Samy Magdy (The Associated Press) e Melanie Lidman (The Associated Press)

CAIRO - O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que Israel está tratando o cessar-fogo com Gaza como “temporário” e mantém o direito de continuar lutando, se necessário. Falando à nação apenas 12 horas antes do início do cessar-fogo, ele informou que tinha o apoio do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, com quem disse ter conversado na quarta-feira.

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Netanyahu também disse que o cessar-fogo não será levado adiante a menos que Israel receba os nomes dos reféns a serem libertados, como havia sido acordado. Sua declaração foi feita quase três horas depois que Israel esperava receber os nomes, que o grupo terrorista Hamas deveria ter entregue.

O cessar-fogo entre o Hamas e Israel está previsto para entrar em vigor na madrugada deste domingo, 19 (horário de Brasília), conforme anunciou o Catar, um dos mediadores do acordo, neste sábado, enquanto as famílias dos reféns mantidos em Gaza se preparavam para receber notícias de seus parentes. Os palestinos também se preparavam para receber os detentos libertados e os grupos humanitários se apressavam para organizar uma onda de ajuda.

A aprovação do acordo aconteceu durante a noite, em uma rara reunião no período do shabat, o descanso semanal judaico, e desencadeou uma enxurrada de atividades e uma nova onda de emoções, pois os parentes se perguntavam se os reféns seriam devolvidos vivos ou mortos.

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O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, ao centro, reuniu seu gabinete de segurança para votar acordo de cessar-fogo com o Hamas em Gaza. Foto: Koby Gideon/Israeli Government Press Office via AP)

A pausa em 15 meses de guerra é um passo em direção ao fim dos combates mais mortais e destrutivos já ocorridos entre Israel e Hamas - e ocorre mais de um ano após o único outro cessar-fogo alcançado.

Acordo em fases

A primeira fase do cessar-fogo durará 42 dias, e as negociações sobre a segunda fase, que devem ser mais restritivas, devem começar em pouco mais de duas semanas. Após essas seis semanas, o gabinete de segurança de Israel decidirá como proceder.

Os ataques aéreos israelenses continuaram neste sábado, e o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que 23 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas.

“Que trégua é essa que nos mata horas antes de começar?”, perguntou Abdallah Al-Aqad, irmão de uma mulher morta em um ataque aéreo na cidade de Khan Younis, no sul do país.

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Autoridades de saúde disseram que um casal e seus dois filhos, de 2 e 7 anos, estavam entre os mortos. E sirenes soaram no centro e no sul de Israel, com os militares dizendo que interceptaram projéteis lançados do Iêmen. Os rebeldes Houthi, apoiados pelo Irã, intensificaram os ataques nas últimas semanas, afirmando que era um ato de solidariedade por Gaza.

Acampamento montado sobre os escombros de um prédio destruído pelo conflito em Bureij, na região central da Faixa de Gaza, em 17 de janeiro de 2025, após o anúncio de uma trégua em meio à guerra contínua entre Israel e o Hamas. (Foto de Eyad BABA / AFP) Foto: Eyad Baba/AFP

Em uma publicação no X, antigo Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Catar aconselhou os palestinos e outras pessoas a serem cautelosos quando o cessar-fogo entrar em vigor e aguardar as instruções das autoridades. Mais tarde, os militares de Israel disseram que os palestinos não poderão percorrer o corredor de Netzarim, que atravessa o centro de Gaza, nos primeiros sete dias do cessar-fogo, e advertiu os palestinos a não se aproximarem das forças israelenses.

As pessoas estavam esperando ansiosamente para voltar para casa. “A primeira coisa que farei é verificar minha casa”, disse Mohamed Mahdi, pai de dois filhos que foi deslocado do bairro de Zaytoun, na Cidade de Gaza. Ele também estava ansioso para ver a família no sul de Gaza, mas “ainda está preocupado com a possibilidade de um de nós ser martirizado antes de podermos nos encontrar”.

Majida Abu Jarad disse que se mudou sete vezes com seu marido e suas seis filhas durante a guerra, atendendo às ordens de evacuação israelenses e ficando em tendas, salas de aula abandonadas ou na rua.

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“Continuaremos em uma tenda, mas a diferença é o sangue vai parar de ser derramado, o medo vai parar e vamos dormir tranquilos”, disse ela enquanto fazia as malas.

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