OSLO - O Nobel da Paz deste ano mal foi entregue e as discussões para o próximo já começaram. Uma deputada norueguesa anunciou que indicou o “povo de Hong Kong” para disputar a honraria em 2020, iniciativa que pode irritar a China.
“Indiquei para o prêmio Nobel da Paz 2020 a população de Hong Kong, que arrisca sua vida e segurança todos os dias para defender a liberdade de expressão e a democracia”, disse Guri Melby em sua conta no Twitter. Ela é deputada de um pequeno partido liberal da Noruega e membro da coalizão governante no país.
Em uma entrevista publicada nesta quarta-feira, 16, pelo jornal Aftenposten, Melby afirma que “o que (os manifestantes) estão fazendo tem um impacto que vai além de Hong Kong, tanto na região como no restante do mundo”.
A ex-colônia britânica vive há quase quatro meses a pior crise política desde que foi devolvida à China em 1997, incluindo episódios por vezes violentos para denunciar o retrocesso das liberdades, exigir reformas democráticas e criticar uma resposta policial considerada brutal pelos manifestantes.
Relações congeladas em 2010
A iniciativa da deputada norueguesa pode despertar indignação da China, como aconteceu em 2010 com a atribuição do Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo.
Apesar de o Comitê do Nobel ser independente do governo da Noruega, Pequim então reagiu à premiação e congelou suas relações com o país escandinavo, suspendendo as negociações para um acordo de livre comércio e dificultando a importação de salmão norueguês.
As relações entre os dois países levaram seis anos para se normalizar. Isso aconteceu em 2016, depois que a Noruega se comprometeu a “não apoiar ações que prejudiquem” os interesses chineses. / AFP
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