Milhares de noruegueses se reuniram nesta segunda-feira em Oslo, em uma vigília pelas vítimas dos ataques ocorridos na última sexta no país e reivindicados pelo extremista Anders Behring Breivik. O premiê Jens Stoltenberg disse às cerca de 100 mil pessoas que foram às ruas da cidade que elas estavam dizendo "um 'sim' à democracia". "O mal pode matar uma pessoa, mas nunca conquistar um povo", declarou o premiê, chamando a vigília de "uma marcha pela democracia, a tolerância e a unidade", diante de um país perplexo com o maior ato violento em seu solo desde a Segunda Guerra Mundial. As ruas do centro de Oslo foram fechadas aos carros, para permitir a aglomeração de pessoas. O correspondente da BBC na capital norueguesa, Jon Brain, disse que o clima entre a multidão nas ruas era menos de exigir retaliação do que de demonstrar resistência ao ocorrido. Audiência Horas antes, Breivik compareceu perante a Justiça, aceitando responsabilidade pela bomba colocada no centro de Oslo e pelos ataques a tiros na ilha de Utoeya, episódios que resultaram na morte de ao menos 76 pessoas. Outras 96 ficaram feridas. Durante a audiência, ele admitiu que trabalhava em conjunto com "duas outras células" para combater a "dominação muçulmana". A polícia investiga quem seriam os cúmplices de Breivik. Ele foi acusado formalmente de atos de terrorismo e deve permanecer em prisão temporária pelas próximas oito semanas, as primeiras quatro em isolamento. A sessão ocorreu a portas fechadas - segundo o juiz Kim Heger, para evitar que Breivik usasse o momento para enviar mensagens a seus possíveis cúmplices. Dois psiquiatras serão agora designados para avaliar o estado mental dele. No sul da França, a polícia fez buscas na casa do pai do acusado, Jens Breivik, mas não comentou a operação. Acredita-se que pai e filho não mantivessem contato havia anos. Em entrevista a uma rede norueguesa, Jens Breivik disse que não pretende ter qualquer contato com o filho e que preferia que ele tivesse "se matado, em vez de matar tanta gente". "Estou chocado, não entendo como isso pode ter acontecido", declarou. Compra suspeita Ao mesmo tempo, o serviço secreto norueguês disse que as autoridades haviam sido alertadas sobre Breivik em março, quando ele comprou um produto não informado de uma empresa química polonesa. Mas a chefe do órgão, Janne Kristiansen, disse que não havia indícios suficientes para aprofundar as investigações. O premiê Stoltenberg disse à BBC que não acredita que nenhum país possa se proteger totalmente de ataques como o de sexta. Ele afirmou também que o episódio mudará a Noruega, mas que o país continuará sendo "aberto e democrático". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.