Enquanto o presidente Donald Trump propõe um novo plano para tomar o controle da Faixa de Gaza e limpar uma área que já abrigou cerca de 2 milhões de habitantes, ele defende uma presença muito mais forte dos Estados Unidos em uma região onde sua família tem uma crescente coleção de empreendimentos imobiliários e interesses comerciais.
Nenhuma parte do mundo é tão crucial para o crescimento dos diversos negócios da família Trump quanto o Oriente Médio, incluindo Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Israel, quando se considera o portfólio completo tanto de Trump quanto de seu genro, Jared Kushner. Aqui está um olhar sobre os interesses da família na região e a proposta de Trump para Gaza.

O que Trump propôs para Gaza
Trump sugeriu que o reassentamento dos palestinos seria semelhante aos projetos imobiliários de Nova York nos quais construiu sua carreira. “Se pudéssemos encontrar o pedaço certo de terra, ou vários pedaços, e construir para eles alguns lugares realmente bons, com bastante dinheiro na região, com certeza”, disse ele. “Acho que isso seria muito melhor do que voltar para Gaza.”
“Todo mundo com quem falei adora a ideia de os Estados Unidos possuírem aquele pedaço de terra”, acrescentou Trump, “desenvolvendo e criando milhares de empregos com algo que será magnífico.”
Na quarta-feira, assessores de Trump recuaram em relação a alguns de seus comentários, com a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmando que “o presidente não se comprometeu a colocar tropas em Gaza”.
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Imóveis em Omã, Arábia Saudita e Dubai
Nos últimos três anos, o Oriente Médio se tornou o ponto mais quente para a família Trump em termos de novos negócios imobiliários internacionais. A maioria desses negócios são chamados de “acordos de marca”, nos quais a família recebe dezenas de milhões de dólares em taxas pelo direito de usar o nome Trump para impulsionar as vendas de apartamentos de luxo, campos de golfe ou hotéis.
Recentemente, foram assinados acordos com uma empresa imobiliária saudita chamada Dar Al Arkan para construir apartamentos de luxo, campos de golfe e hotéis em Omã, Arábia Saudita e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Estamos felizes em fortalecer nosso relacionamento contínuo com a Trump Organization”, disse no ano passado Ziad El Chaar, executivo da subsidiária da Dar Al Arkan, ao anunciar um dos acordos.
O projeto em Omã, que está mais avançado, envolve diretamente o governo do país, já que é dono do terreno onde o campo de golfe e o hotel Trump estão sendo construídos.
Embora a inauguração do resort esteja prevista apenas para daqui a pelo menos três anos, a Trump Organization já arrecadou pelo menos US$ 7,5 milhões com o acordo em Omã, segundo relatórios financeiros dos últimos dois anos. Eric Trump e Donald Trump Jr. visitaram Omã neste verão para acompanhar o progresso do projeto, ao lado de Yousef Al Shelash, presidente da Dar Al Arkan.
A Dar Al Arkan tem laços estreitos com a família real saudita; o governo do país tem sido um parceiro importante para os donos da incorporadora ao longo dos anos.
A família Trump também estudou um potencial projeto em Israel antes dos ataques de 7 de outubro de 2023 e continua interessada em fazer um investimento no país, segundo o The New York Times. Eric Trump disse que pretende esperar até o fim da guerra antes de seguir adiante.
Mesmo antes dessa recente onda de negócios no Oriente Médio, a família já possuía uma presença na região. O Trump International Golf Club, Dubai, foi inaugurado em 2017, logo após Trump assumir seu primeiro mandato na Casa Branca.
O parceiro neste clube de Dubai é a DAMAC Properties, administrada por Hussain Sajwani, um bilionário do setor imobiliário que, segundo Trump afirmou em dezembro, planeja investir bilhões de dólares nos Estados Unidos para construir centros de dados.

Uma parceria com a LIV Golf
A família Trump também tem sido um parceiro-chave da LIV Golf, a liga profissional de golfe financiada pelo fundo soberano da Arábia Saudita. Em abril, pelo quarto ano consecutivo, a liga realizará um de seus torneios no Trump National Doral, perto de Miami.
A LIV Golf paga à família Trump para sediar o torneio, o que também atrai milhares de clientes para seus restaurantes e hotéis durante o evento. Trump e sua família possuem mais de uma dúzia de campos de golfe ao redor do mundo, todos beneficiados pela atenção da mídia que o torneio financiado pelos sauditas gera.
Trump há muito tempo tenta atrair esse tipo de torneio para seus campos de golfe, mas teve pelo menos um grande evento cancelado depois que uma multidão de seus apoiadores atacou o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Os investimentos de Jared Kushner
O genro do ex-presidente, Jared Kushner, administra um fundo de private equity chamado Affinity Partners, que já arrecadou US$ 4,5 bilhões, principalmente de fundos soberanos das nações ricas em petróleo da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, com base nos relacionamentos que construiu como assessor de Trump durante seu primeiro mandato.
Kushner, que disse não ter planos de voltar a um cargo na Casa Branca, também investiu em pelo menos duas empresas israelenses:
- Phoenix Holdings, uma seguradora
- A divisão de leasing de veículos da Shlomo Holdings
O parceiro de negócios de Kushner na Shlomo Holdings também é coproprietário da única construtora de navios de guerra de Israel. Isso o coloca em sociedade com executivos que são acionistas majoritários de uma contratante militar israelense cujos navios têm sido usados na guerra em Gaza, armados com armas fabricadas nos Estados Unidos.
Foi Kushner quem, no ano passado, mencionou pela primeira vez a ideia de considerar Gaza como um potencial local para desenvolvimento imobiliário. “A propriedade à beira-mar de Gaza poderia ser muito valiosa”, disse Kushner durante um evento patrocinado pela Escola de Governo Kennedy, da Universidade Harvard, sugerindo que Israel “removesse a população e depois limpasse a área”.
c.2024 The New York Times Company
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