A comunicação, e não as suas políticas econômicas, foi em parte responsável pela derrota democrata e pela queda de sua popularidade, afirmou ontem o presidente Barack Obama em entrevista para a rede de TV CBS que será exibida na íntegra no domingo. Em uma autocrítica, ele assumiu responsabilidade por esta falha, que já havia sido apontada por especialistas.Na avaliação de Obama, ele deixou de "prestar atenção" ao estilo de liderança que tinha adotado durante a campanha presidencial, quando o atual presidente encantou o mundo e os americanos com seu discurso de mudança e esperança. "Liderar não é apenas legislar. Liderar é persuadir as pessoas e dar a elas a confiança que as una. É determinar o tom e usar um argumento que elas entendam", disse.Obama recebeu críticas por não ter sido capaz de explicar bem a reforma do sistema de saúde e o programa de estímulo econômico. Mais grave, muitos americanos culpam apenas a sua administração pela crise, com um índice de desemprego em 9,6%, apesar de o cenário ter começado a se deteriorar durante a administração de George W. Bush."Não tivemos sucesso sempre" na comunicação com os americanos, disse Obama. "Assumo pessoalmente a responsabilidade por isso. É algo que preciso analisar com mais detalhe para poder avançar", acrescentou.A campanha de Obama não foi considerada revolucionária apenas pelo carisma do presidente, com talento nato para discursar em público. A equipe do então candidato inovou ao usar ferramentas de tecnologia e o Facebook para movimentar a base. Dois anos mais tarde, nas eleições legislativas, o cenário se inverteu. Integrantes do Tea Party, uma facção ultraconservadora dentro do Partido Republicano, souberam adotar e aperfeiçoar a mesma tática usada pela campanha do atual presidente.