TÓQUIO - Diante de questionamentos sobre seu comprometimento com a Ásia, o presidente dos EUA, Barack Obama, buscará na quinta-feira convencer líderes japoneses de que pode atender a suas demandas econômicas e de segurança mesmo com as atenções do país voltadas para a crise na Ucrânia.
Ao desembarcar nesta quarta-feira, 23, em Tóquio, primeira escala de uma viagem de uma semana pela Ásia, Obama tentou tranquilizar seus aliados sobre a ascensão geopolítica chinesa.
"Saudamos a continuidade da ascensão de uma China que seja estável, próspera, pacífica e desempenhe um papel responsável nos assuntos globais", disse Obama ao jornal japonês Yomiuri. "Nosso engajamento com a China não vem e não virá à custa do Japão ou de qualquer outro aliado."
O impasse entre Ucrânia e Rússia ameaça ofuscar a viagem que o líder americano faz a quatro países asiáticos. Além de Japão, ele visitará Coreia do Sul, Malásia e Filipinas. Neste período, o presidente poderá decidir aplicar novas sanções econômicas contra Moscou.
Ao menos publicamente, porém, Obama tenta manter seu foco na agenda para a Ásia, que tem como um dos principais pontos o compromisso de Washington com o tratado de defesa com o Japão.
Em suas declarações ao Yomiuri, Obama afirmou que as pequenas ilhas disputadas entre Tóquio e Pequim, no Mar da China Oriental, estão incluídas em um tratado bilateral de segurança que obriga os EUA a saírem em defesa do Japão.
"A política dos EUA é clara. As ilhas Senkaku (chamadas de Diaoyu pela China) são administradas pelo Japão e, portanto, estão dentro do escopo do Tratado EUA-Japão de Cooperação e Segurança Mútua", afirmou o presidente.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que ele e Obama tiveram uma "longa conversa" em um jantar privado nesta quarta à noite e na quinta-feira os dois buscarão uma "reunião frutífera". "Enviaremos uma mensagem de que a aliança entre Japão e EUA é forte e inabalável", declarou o premiê. Eles jantaram no renomado restaurante Sukiyabashi Jiro, onde os valores do menu de sushi por pessoa chegam a US$ 300.
Na quinta, Obama se encontrará com o imperador, Akihito, concederá uma entrevista ao lado de Abe e participará de um banquete no Palácio Imperial. Na primeira visita de Estado de um presidente americano ao Japão desde 1996, Obama deve visitar o Santuário Meiji.
Um artigo da agência de notícias chinesa Xinhua afirmou que os EUA promovem na região "um esquema cuidadosamente calculado para engaiolar o gigante asiático de rápido desenvolvimento". "Os EUA deveriam reavaliar o seu anacrônico sistema de aliança hegemônica e parar de mimar amigos, como o Japão e as Filipinas, que vêm aumentando as tensões regionais com medidas provocativas", afirmou. / REUTERS e AP
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