Com centenas de refugiados afegãos morrendo de frio em acampamentos, as Nações Unidas apelaram hoje por ajuda de emergência a uma comunidade internacional que praticamente ignorou apelos anteriores. "A situação é desesperadora. A maioria dos afegãos perdeu tudo", disse Erick Mull, o coordenador da ONU para a ajuda humanitária para o Afeganistão, numa entrevista coletiva na capital do Paquistão, Islamabad. "Eles chegaram ao fundo do poço, carecem de tudo". Expulsos de suas casas pela seca e guerra, 80.000 pessoas estão vivendo em condições miseráveis em seis acampamentos da ONU na província ocidental afegã de Herat. Outros 155.000 refugiados vivem em abandono no Paquistão, e milhares mais estão encurralados na fronteira setentrional do Afeganistão, com o Tajiquistão. "Não existem fundos suficientes no Afeganistão para pessoas deslocadas e não existem fundos suficientes no Paquistão para os refugiados", disse Mull. "Então você pode dizer que temos uma dupla crise". Em conseqüência, centenas de pessoas estão morrendo, acrescentou. De segunda-feira a quarta-feira, 480 pessoas - 220 delas crianças - morreram de frio em acampamentos na província de Herat, informou o Programa Mundial de Alimentação em Genebra. A temperatura na província caiu para menos 13 graus.
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