SÃO PAULO- Ao menos 109.000 personas, 63% delas civis, morreram no Iraque desde o início da guerra, em março de 2003, até o fim de 2009, segundo documentos secretos dos Estados Unidos obtidos pelo Wikileaks e revelados nesta sexta-feira, 22, por vários meios da imprensa mundial.
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O Pentágono estima essas mortes em 76.939 entre janeiro de 2004 e agosto de 2008, uma diferença de cerca de 43%.
Segundo verificação independente da ONG Iraq Body Count,cerca de 100.000 pessoas morreram no conflito entre 2004 e 2009.
Os dois piores dias da guerra, afirma o The New York Times, um dos jornais que publicou os dados, foram 31 de agosto de 2005, quando um ataque de pânico gerado por um ataque em uma ponte de Bagdá deixou mais de 950 pessoas mortas. Em agosto de 2007, caminhões bomba mataram mais de 500 pessoas em uma área rural próxima a fronteira com a Síria.
Os documentos também revelam muitos casos anteriormente não reportados em que soldados americanos mataram civis - em postos de fronteira, e também em operações com helicópteros, em ao menos quatro casos. No mais mortífero, em 16 de julho de 2007, 26 iraquianos foram mortos, metade deles civis.
Desentendimentos em postos policiais também foram letais. Em um da marinha, o brilho do sol refletido pelo para-brisa de um carro que não reduziu a velocidade passando pelo local resultou na morte de uma mãe, sendo três de sua filhas e seu marido ficaram feridos.
Sinais para que os veículos parassem frequentemente não eram entendidos pela população, e marines e soldados, cujos intérpretes não conseguiam falar com os sobreviventes, ficavam sem saber o porque das mortes.
De acordo com um documento de 2006, um iraquiano que vestia uma roupa de esportista foi morto por um atirador americano, que depois descobriu que ele era tradutor do pelotão.
Mas foi a violência sectária que elevou às mortes ao seu índice mais preocupante, fazendo o mês de dezembro de 2006 o pior da guerra, de acordo com os relatórios, com cerca de 3.800 baixas civis.
O Exército americano também teria ocultado casos de tortura dentro das prisões iraquianas, e supostamente há relatórios americanos que envolvem o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, de ordenar a formação de "equipes encarregadas de perpetrar torturas e matanças".
O Pentágono disse hoje que não esperava "grandes surpresas" da grande quantidade de documentos sobre a guerra do Iraque, mas alertou que eles poderiam colocar as tropas americanas ainda no país após o fim da missão de combate em perigo.
O Wikileaks convocou a imprensa para uma coletiva amanhã na Europa, provavelmente em Londres, para divulgar os documentos, que são o maior vazamento na história dos Estados Unidos.
O Departamento de Defesa acredita que os relatórios divulgados, cerca de 400.000, são informes de campo sobre a guerra conhecidos como "Significant Activities" o SIGACTs, em jargão militar.
Em julho, o site já entrou em conflito com o governo americano ao publicar 92.000 relatórios secretos das Forças Armadas sobre o Afeganistão.
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