GAZA - Os islâmicos do Hamas garantiram uma trégua frágil nesta sexta-feira, 23, ao retirar os palestinos de uma zona de exclusão na fronteira depois que Israel matou a tiros ali um morador de Gaza. Essa foi a primeira morte desde o início do cessar-fogo, que dura dois dias. A medida incomum do grupo em controle da Faixa de Gaza se seguiu à intervenção dos mediadores egípcios, que pediram aos dois lados para tomarem medidas para preservar a trégua, que na quarta-feira colocou fim a oito dias de confronto feroz entre israelenses e palestinos. Israel disse que seus soldados abriram fogo depois que manifestantes, alguns deles jogando pedras, tentaram furar uma cerca da fronteira com Gaza, violando uma zona de segurança de 300 metros de largura, à qual Israel tem barrado o acesso dos palestinos desde 2009. O Hamas denunciou a ação que matou Anwar Qdeih, de 23 anos, e feriu outras 15 pessoas, como uma violação da trégua. Funcionários da saúde afirmaram que Qdeih foi baleado na cabeça. Falando após conversar com líderes italianos em Roma, o ministro das Relações Exteriores palestino, Riad Malki, disse que o incidente foi "uma clara violação do acordo e não deve se repetir". O cessar-fogo, no entanto, permanecia intacto. Não havia notícias de foguetes disparados contra Israel depois que o Egito entrou em contato com ambos os lados, disseram fontes palestinas próximas aos negociadores da trégua. Funcionários de segurança do Hamas, aproximando-se da cerca da fronteira com Israel mais do que nunca, acompanhavam os palestinos para fora do local, disseram testemunhas, incluindo um fotógrafo da Reuters. Uma fonte da segurança palestina confirmou a medida à Reuters, dizendo "sim, há instruções para implementar o acordo e ao mesmo tempo proteger as pessoas. A ordem é não deixar as pessoas se aproximarem da cerca de fronteira." O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que "a mobilização de membros da segurança nacional na fronteira é uma implementação do acordo (de trégua) e para fornecer segurança aos agricultores naquela região". BANDEIRA DO HAMAS Parente do jovem morto, Omar Qdeish disse que ele "estava tentando colocar uma bandeira do Hamas na cerca" quando foi baleado. "O Exército disparou três vezes para cima. Anwar gritou para eles ‘Jabari está atrás de vocês', e então eles o balearam na cabeça", disse ele à Reuters. Israel matou Ahmed al-Jabari, o chefe militar do Hamas, no dia 14 de novembro, no início de uma ofensiva que, segundo Israel, foi lançada para conter os disparos de foguetes contra seu território. Nos oito dias seguintes de combate intenso até quarta-feira, 166 palestinos e seis israelenses morreram. Sobre o incidente desta sexta, uma porta-voz militar israelense afirmou que os soldados dispararam tiros de advertência para cima a fim de afastar cerca de 300 palestinos, incluindo manifestantes que tentavam romper a cerca da fronteira. "Depois que os agitadores não obedeceram, os soldados responderam atirando em direção às pernas dos agitadores", afirmou a porta-voz. Israel vigia atentamente a fronteira com Gaza. Os soldados israelenses eram atacados com frequência por militantes com explosivos ou disparos de foguetes antitanques no ano que passou. Dentro do cessar-fogo, israelenses e palestinos concordaram em parar as hostilidades.
No entanto, o documento diz que os detalhes sobre o acesso à tensa zona de fronteira seriam discutidos em um estágio posterior. Em um sinal de que Israel pretende seguir com a trégua, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu cancelou formalmente o estado de emergência nacional lançado no início dos combates.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.