Tensões na Ucrânia: Otan envia mais aviões e navios ao leste europeu e Biden cogita mandar soldados

Em nota, a aliança disse estar reforçando a sua defesa no leste para contrabalançar a concentração de tropas russas na fronteira ucraniana

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Por Redação
Atualização:

Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reforçaram a capacidade de defesa do flanco leste da Europa, com o envio de aviões e navios para contrabalançar a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, anunciou a instituição nesta segunda-feira, 24. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos estão considerando aumentar seus ativos militares na região.

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Os países da Aliança "estão pondo as forças em estado de alerta e enviando navios e aviões de combate adicionais para deslocamentos da Otan no Leste Europeu, reforçando a dissuasão e a defesa", disse a Aliança Atlântica em um comunicado. "A Otan continuará tomando todas as medidas necessárias para proteger e defender todos os aliados, inclusive reforçando a parte oriental da aliança", afirmou seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, na nota.

A organização destacou que a Espanha "está enviando navios para se juntarem às forças navais da Otan e está considerando enviar aviões de combate para a Bulgária", entre outras iniciativas. "A Dinamarca enviará uma fragata para o Mar Báltico e mobilizará quatro caças F-16 para a Lituânia em apoio à missão de vigilância aérea da Otan na região", acrescentou a aliança militar. 

Tanque russo dispara durante exercício militar perto da cidade Rostov, na fronteira com a Ucrânia Foto: AP

Do mesmo modo, completa a nota divulgada, a França "manifestou sua disposição de enviar tropas para a Romênia sob o comando da Otan". Enquanto isso, a Holanda enviará "dois caças F-35 para a Bulgária, a partir de abril, para apoiar as atividades de vigilância aérea da Otan na região e colocará um navio e unidades terrestres de prontidão para a Força de Resposta da Otan". 

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O principal aliado da organização, os Estados Unidos, "também deixou claro que planeja aumentar sua presença militar na zona leste da aliança", disse Stoltenberg.

Biden considera opções

O presidente Joe Biden começou a considerar opções para aumentar os ativos militares dos EUA na região, disseram altos funcionários do governo, depois de se encontrar com os principais assessores de segurança nacional em seu retiro em Camp David no sábado.

O jornal americano The New York Times disse que Biden está considerando enviar de 1.000 a 5.000 soldados para países do leste europeu, com a possibilidade de aumentar o número caso as tensões aumentem ainda mais. Um alto funcionário do governo se recusou a confirmar os números no domingo, mas disse que "estamos desenvolvendo planos e consultando aliados para determinar opções no futuro".

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No último domingo, o governo dos EUA ordenou que as famílias de seus diplomatas na capital da Ucrânia, Kiev, deixem o país. O Reino Unido também começou a retirar funcionários de sua embaixada em Kiev, reduzindo pela metade o efetivo, segundo a emissora pública BBC.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse em comunicado que considera a decisão de enviar para casa as famílias dos diplomatas como "prematura e uma manifestação de cautela excessiva".

"De fato, não houve mudanças fundamentais na situação de segurança recentemente: a ameaça de novas ondas de agressão russa permaneceu constante desde 2014 e o acúmulo de tropas russas perto da fronteira do estado começou em abril do ano passado", afirmou.

A Grã-Bretanha disse no fim de semana que tinha informações de que o governo russo estava considerando um ex-legislador ucraniano como um potencial candidato para chefiar uma liderança fantoche pró-Rússia em Kiev. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia rejeitou a alegação britânica como "desinformação", acusando a Otan de aumentar as tensões sobre a Ucrânia.

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Moscou reage

O Kremlin reagiu ao anúncio e acusou a Otan e os Estados Unidos, também nesta segunda-feira, de exacerbarem as tensões, ao decidirem enviar navios e aviões de combate para a Europa Oriental. "As tensões se exacerbaram com os anúncios e as ações muito concretas por parte dos Estados Unidos e da Otan", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa.

O porta-voz considerou muito alto o risco de uma ofensiva de Kiev contra separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. "As autoridades ucranianas concentram um número considerável de forças e meios na fronteira" dos territórios que descreveu como repúblicas e advertiu que esta situação sugere a preparação de ações ofensivas. 

"Tudo isso leva a uma situação, em que as tensões aumentam", insistiu Peskov, acrescentando que a existência de um "clima agressivo" na Europa é uma realidade.

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Nesta crise, que segue em escalada, os países ocidentais acusam a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100.000 soldados para a fronteira com a Ucrânia, para se preparar para um ataque.

A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona a desescalada a assinatura de tratados que garantam a não expansão da Otan, em particular para a Ucrânia, assim como a retirada da Aliança Atlântica do Leste Europeu. Os ocidentais consideram tais demandas inaceitáveis. 

Estados Unidos e União Europeia ameaçaram Moscou com "consequências em massa" se invadir a Ucrânia, embora chegar a um consenso sobre medidas duras entre os 27 membros do bloco europeu seja uma tarefa complexa.

A Rússia está aguardando uma resposta por escrito às suas demandas nesta semana, depois que as negociações na sexta-feira passada - a quarta rodada deste mês - não produziram nenhum avanço./ AFP e REUTERS

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