Coexistência de Estados judeu e palestinos voltou a ser discutida
NOVA YORK - Robert Querry, enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a paz no Oriente Médio, disse nesta terça-feira, 26, que a Autoridade Palestina está pronta para governar um Estado palestino, mas afirmou que a paralisação das negociações de paz com Israel impossibilita a coexistência dos dois países, informa a agência AFP.
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Segundo ele, a AP está em condições de "assumir as responsabilidades próprias de um Estado" independente "em todos os aspectos e em um futuro próximo". As declarações foram feitas em um debate sobre a questão israelo-palestina com o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Querry, porém, disse também que sem um "projeto de política crível, a viabilidade da construção de um Estado e da agenda da Autoridade Palestina, e até a própria solução de dois Estados coexistentes, não está assegurada".
As negociações de paz entre israelenses e palestinos estão paralisadas há dez meses. Os palestinos exigem a interrupção da construção de assentamentos por parte de Israel, enquanto os israelenses se recusam a retomar as conversas enquanto o Fatah, partido que controla a Autoridade Palestina, mantiver um acordo de paz com a facção radical Hamas.
Debate
Durante as discussões na ONU, o observador palestino, Riyad Mansour, disse que o eventual reconhecimento do Estado palestino por parte do órgão internacional, ao invés de afetar o processo de paz, "ajuda a tornar mais inevitável uma solução com dois Estados." Mansour não detalhou os termos da proposta que sua delegação pretende apresentar durante a reunião anual dos 193 países da Assembleia Geral, em setembro.
Na sua vez de falar, o embaixador de Israel, Ron Prosor, deixou claro que o Estado judeu mantém sua resoluta oposição à adesão palestina à ONU. "Agora é hora de a comunidade internacional dizer à liderança palestina o que ela se recusa a dizer ao seu próprio povo: que não há atalhos para a criação de um Estado", afirmou Prosor aos 15 países do Conselho de Segurança.
Os palestinos, que têm status de "observadores" na ONU, haviam prometido buscar o reconhecimento da Assembleia Geral à sua soberania na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. A ideia ganhou impulso diante da falta de progressos no processo de paz do Oriente Médio. Em maio, a Liga Árabe deu seu aval formal à proposta e vários países já se mostraram favoráveis, mas a iniciativa deve encontrar oposição nos aliados de Israel.
Com Reuters