Papa isenta Bulgária de culpa em atentado

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Por Agencia Estado
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O papa João Paulo II, com sua declaração, nesta sexta-feira, em Sófia, segundo a qual "nunca acreditou na conexão búlgara", isentou este país da "responsabilidade" pelo atentado que sofreu em 1981, na Praça de São Pedro, e que por muito tempo fez recaírem suspeitas sobre a Bulgária. Em 13 de maio de 1981, poucos dias antes de completar 61 anos, o pontífice foi ferido a tiros quando atravessava em seu veículo branco descoberto - o "papamóvel" - a Praça de São Pedro, em Roma, para dirigir-se à audiência geral das quartas-feiras. Ferido por três balas, João Paulo II tombou diante de cerca de 20.000 fiéis reunidos na praça. Uma bala atravessou seu abdome, outra roçou sua mão esquerda e a terceira o braço direito. Duas mulheres que estavam no local também ficaram feridas. Karol Wojtyla, conduzido imediatamente para a Policlínica Gemelli da Universidade Católica de Roma, foi submetido a cirurgia que durou cinco horas e meia, mas sua forte compleição física permitiu-lhe superar a prova. Em 18 de maio, ele deixou a unidade de terapia intensiva do hospital e retornou ao Vaticano em 3 de junho. No entanto, entre 20 de junho e 14 de agosto, ele ficou novamente internado em razão de uma febre persistente. O autor do atentado, o turco Ali Agca, de 23 anos - já condenado à morte por assassinato na Turquia, de onde havia escapado - foi preso imediatamente pela polícia na Praça de São Pedro. Dias depois, foi publicamente perdoado pelo pontífice. Seu julgamento começou em julho de 1981, e Agca foi condenado à prisão perpétua em dezembro de 1983. No cárcere, foi visitado pelo papa em dezembro de 1983. A respeito dos eventuais autores intelectuais do atentado, várias hipóteses foram levantadas. A tese do complô internacional ganhou destaque na imprensa italiana, e muitos investigadores disseram estar convencidos de que Ali Agca não havia atuado sozinho. A "conexão búlgara" foi a mais reiterada, mas nunca comprovada. Após a queda do muro de Berlim, o presidente búlgaro Jerio Jelov deu todos os elementos de que dispunham os serviços secretos a uma comissão internacional,encarregada das investigações sobre o atentado. Tais documentos tinham como finalidade demonstrar que Sófia não estava implicada no episódio. Em setembro de 1981, Agca havia relatado aos investigadores que fora recrutado pelos serviços secretos de Sófia, a mando da KGB (a polícia secreta soviética). Três funcionários búlgaros que trabalhavam na Itália foram detidos na ocasião, mas foram libertados em 1985, por falta de provas. Também a KGB foi citada como eventual responsável pelo atentado, mas a hipótese foi descartada. Muitos búlgaros esperavam que a visita papal, a primeira realizada por um pontífice ao antigo país comunista, pusesse ponto final às acusações que pesavam sobre o governo de Sófia. Nesta sexta-feira, João Paulo também visitou a principal catedral ortodoxa da capital búlgara, em meio a estritas medidas de segurança. O papa quer aproximar a Igreja Católica da Ortodoxa.

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