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Paris marca 41°C e se mostra vulnerável às mudanças climáticas em meio à onda de calor na Europa

Capital francesa possui uma das maiores densidades populacionais no mundo, deixando pouco espaço para a refrescante presença de parques e árvores

Por Constant Méheut
Atualização:

À medida que ondas de calor fazem ferver cidades de toda a Europa, Paris registrou máximas de 41° C nesta terça-feira, 19, aproximadamente 15° C acima da temperatura máxima média prevista para julho - um patamar próximo da temperatura recorde de 42,9° C registrado durante a onda de calor de 2019.

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A cidade, que está em alerta laranja como a maior parte do país devido às altas temperaturas que vêm sendo registradas desde segunda-feira, mostra-se mal preparada para enfrentar os cada vez mais frequentes verões escaldantes, que os especialistas apontam como efeito do aquecimento global.

A capital francesa possui uma das maiores densidades populacionais no mundo, com edifícios residenciais e prédios de escritórios ocupando grande parte da superfície da cidade, deixando pouco espaço para a refrescante presença de parques e árvores. Seus telhados de zinco e longas vias asfaltadas acumulam o calor, sufocando moradores que têm mergulhado de roupa nas fontes do Trocadero.

Moradores de Paris saltam no Canal St Martin para se refrescar durante onde de calor na cidade  Foto: Lewis Joly/AP - 18/07/2022

Na semana passada, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou a criação de um projeto que examinará “políticas destinadas a adaptar Paris a superondas de calor”, que a Prefeitura solenemente apelidou de “Paris 50º”.

A capital francesa é particularmente vulnerável às chamadas “ilhas urbanas de calor”, fenômeno em que cidades experimentam temperaturas mais altas do que seus entornos rurais — em razão das superfícies secas de telhados e pavimentos que absorvem a radiação solar de ondas curtas e a transformam em calor, que emana para o ambiente durante a noite.

A agência Météo France, serviço meteorológico nacional, estimou que as temperaturas de Paris ficam entre 5ºC e 10ºC mais elevadas do que seu entorno.

Para reduzir sua vulnerabilidade, a capital francesa planeja instalar 100 novas fontes até 2024, acelerar reformas em edifícios antigos e plantar 170 mil árvores até 2026. As árvores são consideradas uma das melhores defesas contra as ilhas de calor, porque sua folhagem intercepta a radiação solar antes que ela atinja o solo, provendo sombra e mitigando temperaturas em ascensão.

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Paris possui a menor quantidade de cobertura vegetal entre 30 cidades grandes analisadas pelo Instituto Massachusetts de Tecnologia. Meros 9% de sua superfície são cobertos por árvores, em comparação a 17,5% de Tel-Aviv e 20% de Seattle.

Como muitas outras cidades europeias, Paris investiu pouco em aparelhos de ar-condicionado, considerados caros, consumidores vorazes de energia e poluidores do ar.

Canos subterrâneos

Uma alternativa aos ares-condicionados tem sido o uso de canos subterrâneos de água fria. Uma rede subterrânea de 88,5 quilômetros ajuda a refrescar uma grande porção de Paris, incluindo o Museu do Louvre. O sistema bombeia água fria do Sena.

Afrontado pelas ondas de calor cada vez mais intensas, Dan Lert, vice-prefeito parisiense encarregado da transição ambiental da cidade, afirmou que Paris planeja triplicar o tamanho de sua rede de resfriamento até 2042, para ajudar no alívio de hospitais, creches, escolas e retiros de idosos. “Será a maior rede de resfriamento do mundo”, tuitou Lert. / NYT e EFE

TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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