Pelo menos 64 pessoas morreram em duas explosões coordenadas em Kampala, capital de Uganda, durante a final da Copa do Mundo entre Espanha e Holanda. Outras 70 pessoas ficaram feridas nos atentados, em um clube de rúgbi e em um restaurante etíope. "Essas bombas definitivamente tinham como alvo os fãs da Copa do Mundo", disse o inspetor geral da polícia Kale Kayihura, que suspeita que as explosões foram resultados de ataques suicidas de militantes rebeldes somalis. Tropas de paz de Uganda operam em Mogadíscio, na Somália, e no passado, militantes somalis ligados à Al-Qaeda ameaçaram atacar Kampala. Cerca de 5 mil soldados ugandenses e do Burundi estão servindo na Missão da União Africana na Somália (Amisom) em Mogadíscio, para proteger o governo interino somali. As forças da União Africana se envolvem constantemente em combates com insurgentes islâmicos que controlam a maior parte do sul e centro da Somália. Al-Shabab As explosões ocorreram a cerca de 10 quilômetros uma da outra e praticamente ao mesmo tempo. Cerca de 49 pessoas morreram quando assistiam à final da Copa em um telão no clube de rúgbi, informou a polícia. Outras 15 morreram na explosão do restaurante Ethiopian Village. Nos dois locais, cadeiras permaneciam viradas e era possível ver sangue e pedaços de corpos no chão. Muitos dos mortos e feridos eram estrangeiros. Os dois locais eram bastante frequentados por trabalhadores estrangeiros morando em Kampala. Há informações de que uma cabeça cortada foi encontrada em um dos locais, levando a polícia a suspeitar de que os ataques podem ter sido obra de extremistas suicidas. O inspetor Kayihura disse acreditar que o grupo militante somali Al-Shabab pode estar por trás dos atentados. O ataque contra o restaurante etíope, em particular, levantou a suspeita de envolvimento do grupo, já que Adis-Abeba apóia o governo da Somália contra os rebeldes. No passado, militantes somalis já estiveram envolvidos em atentados extremistas no leste da África, mas, se for provado seu envolvimento, esta será a primeira vez que o Al-Shabab terá agido fora do país. Mas o correspondente da BBC em Nairóbi Will Ross afirma que, até agora, não há provas do envolvimento do grupo nas explosões. Segundo Ross, os atentados podem estar relacionados às eleições em Uganda, no ano que vem. 'Gritando e correndo' Pelo menos três americanos, membros de uma igreja da Pensilvânia, ficaram feridos na explosão no restaurante etíope. O presidente americano, Barack Obama, disse que as explosões foram um ato "deplorável e covarde". A Secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou que os Estados Unidos vão trabalhar junto ao governo de Uganda para "levar os perpetradores deste crime à Justiça". A embaixada americana em Kampala confirmou a morte de um americano nos atentados. "As nacionalidades das vítimas serão reveladas mais tarde", disse a porta-voz da polícia Judith Nabakooba. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.