Polícia continua as buscas por atirador que baleou 10 pessoas em metrô de Nova York

Autoridades informaram que um homem procurado na investigação passou a ser considerado suspeito

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Por Mark Berman, Joanna Slater e Andrea Salcedo
Atualização:
8 min de leitura

NOVA YORK, THE WASHINGTON POST - As autoridades de Nova York continuam nesta quarta-feira, 13, as buscas pelo atirador que, segundo elas, baleou 10 pessoas e deixou outras dezenas de feridos no metrô no Brooklyn um dia antes, desencadeando pânico e uma investigação extensa.

A polícia informou na manhã desta quarta-feira que um homem procurado na investigação passou a ser considerado suspeito, após já o terem considerado uma “pessoa de interesse” no caso.

De acordo com as autoridades policiais, um agressor vestiu uma máscara de gás e preencheu um vagão do metrô com fumaça antes de abrir fogo na manhã de terça-feira, 12, atingindo 10 pessoas. Cinco delas estavam em estado crítico, mas estável, disseram as autoridades, e nenhum dos ferimentos foi considerado com risco de vida.

Mas o tiroteio no vagão do metrô no auge do horário de pico da manhã desencadeou pânico em Nova York, que já enfrenta o aumento da violência armada nos últimos anos.

Durante uma coletiva na noite de terça-feira, a polícia disse que Frank R. James, 62, era considerado uma pessoa de interesse no ataque ao metrô, mas teve o cuidado de não chamá-lo de suspeito. Mas um porta-voz da polícia de Nova York disse que o status mudou esta manhã, e ele agora é um suspeito, embora não tenha dado detalhes sobre o que levou à mudança.

Um policial da unidade anti-terrorismo de Nova York patrulha uma estação de trem após o ataque ao metrô no Brooklyn Foto: Eduardo Munoz/Reuters

À medida que a busca continua pelo segundo dia, questões importantes ainda permanecem, incluindo o que poderia ter motivado o ataque.

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Quando a polícia chegou ao local, eles encontraram quase três dúzias de cápsulas usadas, um par de granadas de fumaça usadas, duas granadas de fumaça não detonadas e um machado. Mas o agressor, disseram, tinha ido embora.

Eles também encontraram uma chave para uma van de aluguel, que mais tarde foi recuperada no Brooklyn, disse a polícia. O veículo foi o que permitiu que a polícia fizesse a conexão com James, que eles disseram ter alugado a van na Filadélfia.

“Estamos tentando localizá-lo para determinar sua conexão com o ataque no metrô, se houver”, disse James W. Essig, chefe de detetives da polícia de Nova York na noite de terça.

Os investigadores estavam confiantes de que James estava no local do ataque, com base na descoberta de seu cartão de crédito e da van que ele alugou, de acordo com um funcionário familiarizado com o assunto que falou sob condição de anonimato para descrever a investigação em andamento.

Mas como sua altura não parecia corresponder à descrição oferecida por algumas testemunhas, disse o funcionário na noite de terça-feira, as autoridades não se sentiram confiantes em identificar James como o suspeito de atirar.

O The Washington Post não conseguiu contatar James ou familiares imediatamente na noite de terça-feira. A polícia disse que James tinha endereços em Wisconsin e Filadélfia.

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Críticas ao perfeito nas redes

As contas nas redes sociais que parecem pertencer a James ofereceram um vislumbre de um homem que já criticou o prefeito de Nova York Eric Adams, xinga em vídeos e descreveu uma familiaridade com “o sistema de saúde mental da cidade de Nova York”.

Keechant L. Sewell, o comissário de polícia de Nova York, disse na noite de terça-feira que havia postagens “preocupantes” nas redes sociais relacionadas a James, nas quais ele falava sobre a cidade, os sem-teto e Adams, levando ao aumento da segurança para o prefeito.

Uma conta do YouTube com mais de 2.300 inscritos sob o nome de “profeta da verdade88″ criada em 2014 mostra um homem que parece ser James xingando e ofendendo na frente da câmera em vários vídeos.

Em janeiro, em um vídeo de 44 minutos intitulado “DEAR MR PREFEITO”, James criticou os planos de Adams para violência armada e problemas de saúde mental.

Combater crimes violentos e a segurança pública têm sido prioridades no governo de Adams, um ex-capitão da polícia eleito prefeito no ano passado.

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James, que disse ter nascido e crescido na cidade de Nova York, condenou os programas de emprego e treinamento para jovens negros de baixa renda, acrescentando que foi uma “vítima” deles e chamou suas experiências de “show de horror”.

Ele alertou Adams que seu programa pode desacelerar a violência armada e uma epidemia de saúde mental, “mas você não vai pará-la. A violência faz parte da sua cidade. Pessoas violentas vivem em sua cidade.”

Sensação de insegurança

Na manhã desta quarta, os passageiros retornaram ao metrô após o ataque. Autoridades de tráfego disseram que os trens retornaram à estação depois que a polícia concluiu sua investigação no local.

A polícia identificou pelo menos um problema em sua investigação na estação. Adams, em uma entrevista de rádio na terça-feira, disse que havia “alguma forma de mau funcionamento com o sistema de câmeras”. Essig, falando no final do dia, disse que as câmeras de vídeo não estavam funcionando em três estações de metrô.

O ataque provocou pânico em Sunset Park, bairro do Brooklyn onde ocorreu e um antigo centro de comunidades de imigrantes da classe trabalhadora.

A sensação de segurança dos nova-iorquinos diminuiu recentemente, segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade Quinnipiac em fevereiro que mostrava que menos da metade dos eleitores da cidade se sentiam seguros usando o metrô durante o dia, em comparação com 76% há seis anos.

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Pessoas retornam à estação do metrô onde um atirador baleou 10 pessoas no dia anterior Foto: ANGELA WEISS / AFP

Na mesma pesquisa, três quartos dos eleitores da cidade disseram que o crime é um problema muito sério, a maior proporção desde que a pesquisa começou a fazer sondagens em 1999.

Em um pronunciamento no Brooklyn na terça-feira, a governadora de Nova York, Kathy Hochul, prometeu empregar “todos os recursos do estado” para combater o crime em um momento em que os moradores da cidade ansiavam por estabilidade após os longos anos da pandemia.

“Chega de disparos em massa. Chega de perturbar vidas. Chega de criar desgosto para as pessoas que tentam viver suas vidas como nova-iorquinos normais”, disse Hochul. “Tem que acabar, acaba agora.”

Marcela Mitaynes, membro da Assembleia do Estado de Nova York que representa Sunset Park, questionou o seu eleitorado após o ataque. “Certamente há muita conversa sobre o aumento do crime e insegurança, e certamente entendo isso”, disse ela. “Mas não é nada parecido com o que este bairro era quando eu estava crescendo no final dos anos 70 e nos anos 80.”

Momentos de pânico

Após o ataque, as pessoas correram para ajudar umas às outras, alertando outras para ficarem fora da estação e prestando assistência médica aos que sangravam no chão.

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Fitim Gjeloshi disse que havia perdido o trem que pega regularmente para ir à aula na manhã de terça-feira, então embarcou no próximo e, sem saber, sentou-se perto do homem que abriria fogo.

Departamento de Polícia de Nova York atende chamado sobre ataque a tiros em metrô Foto: Angela Weiss/AFP

“O cara já estava lá”, disse Gjeloshi, 20, em entrevista ao The Washington Post.

Algo estava errado, disse ele, pois o agressor falava consigo mesmo enquanto estava parado em um canto dentro do trem. “Ele olhou para mim e eu olhei para ele”, disse Gjeloshi.

O trem começou a se mover assim que suas portas se fecharam e parou entre duas ruas por causa de um atraso, disse ele. Foi quando o homem - que tinha uma mala com rodas - colocou uma máscara de gás.

Nos cinco minutos seguintes, enquanto o trem permanecia parado e a fumaça enchia o vagão, o homem atirou em tantas pessoas quanto pôde, disse Gjeloshi.

“Tudo o que ouvi foi: ‘Boom, boom, boom’”, disse Gjeloshi. “Ele simplesmente continuou.”

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Em algum momento, Gjeloshi tentou lutar com o atirado, mas ele disse que o homem o perseguiu com o que parecia ser um machado e apontou uma arma para ele antes que conseguisse escapar para a parte de trás do trem.

“Ele tentou atirar em mim, mas atirou no outro garoto ao meu lado”, disse ele.

Quando as portas do trem se abriram, disse Gjeloshi, o homem fugiu. Gjeloshi, enquanto isso, se afastou do trem com sangue da pessoa sentada ao lado dele ainda nos sapatos.

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